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...sem maneiras!
Tudo o que se vai contar foi visto. E ouvido. Tudo.
Na frente do café, no passeio que partilhava com os outros transeuntes, uma vida que aparentava mais de cinquenta anos vividos, o sexo feminino bem vestido, de repente, num gesto inesperado e decidido da boca da mulher, soltou-se uma cuspidela monumental que aterrou nas pedras calçadas.
Duas jovens subiam a avenida, eram postais vestidos pela democratização do sempre na moda. Uma delas berrava ao telemóvel e dizia a quem a queria e não queria ouvir- presume-se que também era ouvida do outro lado da linha: «estou-me a cagar, estás a perceber? estou-me a cagar.» O sotaque dava um colorido típico à pintura sonora.
Na manhã de inverno solarenga da foz do Porto, em frente ao mar, um homem indiferente à "multidão de fato de treino", puxou do seu indicador direito, pressionou a narina do mesmo lado e... jacto de ranho da narina esquerda para a pista das bicicletas. Acto contínuo, o indicador esquerdo, também pressionou a narina esquerda e...jacto de ranho da narina direita a voar até ao chão que alguém pisará. Nariz limpo.
Na mesma foz, onde as ondas faziam sorrisos à visita do astro-rei, uma senhora bonita, mal desenhada pela natureza, com magreza elegante, caminhava acelerada vestida numas calças de ginástica transparentes.... de onde saltava para olhos uma mini cuequinha cor de laranja fluorescente. O companheiro seguia ao lado, com óculos de sol...
Pai e filho-criança ao balcão. Jantavam. Nas cadeiras onde estavam sentados pousavam os cachecóis do clube do coração e da terra. Era noite de jogo grande. O pai, antes do jogo, ao lado do filho-criança, bebeu uma garrafa de 0,75 litros de vinho tinto do douro...até ao último golo, perdão, gole!
A ditadura não melhora o que somos, como somos. E a democracia também não.
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