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Duas belas canetas, esculpidas zelosamente pelo tempo, fazem magia a escrever sobre o que todos já disseram ou como dos seus olhos saem sábias e bem encadeadas palavras sobre o que se vê e como o sentem.
Ontem, Vasco Pulido valente, no Público, era sublime, assim:
«Foi preciso o acto destemido e original do sr. Presidente da República (decerto encorajado por sua mulher), desprezando a hierarquia do céu, para que Nossa Senhora, a intercessora máxima junto do Altíssimo, resolvesse conceder à Troika e ao governo a "inspiração" para se entenderem e ao CDS a humildade e a paciência para se pôr lado.
O dr. Cavaco, como devia, agradeceu em público esta divina benesse, que Portugal inteiro espera que não pare de se renovar. E, de caminho, o dr. Cavaco descobriu uma nova fonte de influência, que é hoje muito necessária. Dois dias depois, já invocava S. Jorge em prol da Pátria, apesar de esse S. Jorge, bispo de Alexandria, ser também o patrono da Inglaterra e um homem excessivamente zeloso que provocou uma guerra civil local. De qualquer maneira, demonstrada a incapacidade desta República laica e, se calhar, ateia para se governar, o acesso do dr. Cavaco ao Omnipotente é sem sempre de dúvida uma garantia de ventura e paz.»
Ontem, Baptista-Bastos, no Jornal de Negócios (W), escrevia de forma simplesmente superior sobre «As simples coisas da vida», assim:
«Mas sabe-se: no futebol, como na política, e se se quiser, por extensão, na vida, nem sempre os melhores são os que ganham. O caso Português pode servir de exemplo. Nem a Senhora de Fátima nos livrou da maldição de Gutmann... (....) Segundo a abalizada opinião do casal Cavaco, deu um jeito santificado na avaliação da Troika. De resto, tem feito o que pode. Pode é pouco... (...) Não dá para rir. O País é o que é, e a mediocridade encontra sempre respaldo, quando o racional não encontra pela frente, como resposta, a razão das coisas. Não há bruxas, mas sucedem imprevistos, nascidos desta espécie de moral e desta classe de crença, que deixa alguns de nós completamente estupefactos.»
Dois pedaços de escrita para guardar, sobre a vidinha de um País em situação absolutamente desesperada, e que em tal estado nos dispenda de falar de Fado.
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