Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O velho slogan “ler jornais é saber mais” sobrevive na era 4.0 como “estar nas redes sociais é saber mais”. Isto não é uma questão de querer ou de gostar, é assim: um novo tempo, uma nova realidade, uma oportunidade.
As redes sociais, entre outras coisas que tais, permitem saber mais, dizer mais a todos, sobre todos, de tudo, sobre tudo. Para quem, de perto ou de longe, está ligado a este mundo da comunicação há mais de 30 anos, isto é revolucionário! É uma revolução que nos obriga a estar em modo de aprender em permanência. Num contexto veloz, instantâneo, efémero e de acesso fácil, temos que aprender todos os dias como gerir o que somos, o que fazemos, como vivemos.
E assim, num instante, sem depender de nada nem do que ou de quem quer que seja, cada um de nós pode mostrar ao mundo, sim ao mundo, a todo mundo, o que é, onde está, o que faz, o que gosta, o que não gosta, etc., etc., e pode fazê-lo destacando o que mais lhe interessa ou só que lhe interessa!
Vamos deixar as virtudes, os defeitos e os riscos das grandezas e misérias desta imensa liberdade para os “entendidos”.
Vamos apenas pelo trilho dos bons exemplos…de autarcas!
- Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. É o rei dos autarcas nas redes sociais. Promove o Porto, o que faz pelo Porto; partilha e defende as suas ideias; exercita algumas das suas paixões, com destaque para a fotografia; elenca causas, pessoas, desafios. Um mestre da comunicação que importa seguir, independentemente do posicionamento ou da opinião de cada um.
- Nuno Ribeiro, vereador da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital. Este jovem autarca de Oliveira do Hospital, por quem tenho apreço, é de um voluntarismo nas redes sociais a promover o que acontece no concelho, que merece uma vénia, ou duas! Este Dezembro, durante um fim de semana, o Nuno esteve nos convívios de natal do Hóquei em Patins do Futebol Clube Oliveira do Hospital, do G. D. Bobadelense, no evento “Natal sobre Rodas”, no “derby” de futebol dos benjamins de Nogueira do Cravo e de Oliveira do Hospital, no lançamento do livro “Terra do meu coração” de Lucinda Maria, no convívio de natal do Centro Paroquial de Santa Ovaia, na Noite de Fados do Seixo da Beira, no evento “Pais Natais em Movimento” e, ufa, no convívio de natal da Associação Desportiva de Gramaços!!! Tudo isto, tudo, com texto e registo fotográfico, qual grande repórter. Exige a justiça que se refira que há outro vereador, José Francisco Rolo, que também faz um trabalho notável, neste reportar ao mundo o que no concelho e na região vai acontecendo…
Os “má-língua” do costume logo dizem que é política, que são pagos para isso e outras “coisitas” assim mais-ou-menos.
Talvez importe mais enfatizar que, mesmo podendo ser política e votos e outros quejandos, estes homens fazem o que devem: reportam e promovem o que está acontecer. E no caso do Interior, partilham e testemunham o esforço e o trabalho de gente que insiste, que não desiste, que existe.
E disto, nas redes socias, todos queremos mais.
(publicado no jornal Folha do Centro, 22 de Dezembro de 2016)
No verão, um texto de verão. E ao ler verão que assim é. Vai ler?
No dia 30 de Junho foi o dia mundial das redes sociais. Foi em 2010 que as redes sociais passaram a ter o seu dia...
As redes sociais são uma das maiores revoluções dos tempos modernos, são uma realidade incontornável, são um desafio exigente das nossas vidas e, por fim, são um meio para que a vida de cada um possa ser melhor.
Não há nada de "perigoso" nas redes sociais. Nada. A utilização é que pode ser mais ou menos "perigosa", tal como acontece com a electricidade, com uma faca ou até com um livro.
Este fim de semana o semanário Expresso publica um (pobre) texto onde se diz que o facebook faz mal ao casamento. Falso. O facebook apenas tornou evidente como estava mal o casamento, ou a relação. Um site de advogados Inglês, "Divorce Online", diz que o facebook já causou mais de 28 milhões de divórcios. Na América, mais uma associação de advogados, diz que em 80% dos divórcios o facebook é citado como evidência de traição. Note-se, a subtil diferença: não é a causa, é a evidência. Que pena não terem feito estatísticas sobre as sms...ou até as "selfies"! Que pena.
No mesmo texto, o Português João Canavilhas, professor especialista em comunicação e tecnologias na Universidade da Beira Interior, esclarece o óbvio: "O facebook é aquilo que quisermos fazer dele. Tanto pode servir para promover a infidelidade como para reforçar a fidelidade. É um amplificador de atitudes e comportamentos." Isto é, a base é o comportamento das pessoas, não a tecnologia e/ou rede. A tecnologia e/ou rede apenas amplifica, torna visível ou acelera o que já existe. Sim, o facebook é um facilitador acelerado.
As pessoas -muitas, não todas, nas redes há de tudo! - vão para as redes sociais, sem qualquer filtro, mostrar-se e dizer-se como não o conseguem fazer pessoalmente. E aqui as mulheres levam a melhor. Louras, ou aproximadas, bronzeadas, ou queimadas, exibem tudo... até o corpo em fatos de banho de tamanho S, com o comentário "actual e sem photoshop" - assim mesmo. E muitos sorrisos; muita moda; muitas festas; muitos jantares; muito divertir - quase nunca se dizem felizes, a não ser em sticks usados em escala desabrida - muita mesa de jantares tardios e na mesa quatro elementos obrigatórios: álcool, café, tabaco e.... "smartphone". É preciso dizer a toda a gente que se está "ali" e que é tudo "Top", "Boa"; "Gata"; "Lindo"; "Máximo", enfim, elogios e mais elogios. É tudo fantástico. Tudo.
E a muitas destas pessoas, de vez em quando, apetece-lhes partilhar meditações, centradas sempre no Eu, na magia da liberdade, no viva a vida, no tudo é possível sem certo e errado e num puritanismo cândido de olhar a existência e "a passagem" por aqui.
Vejamos alguns excertos de "texto" de pessoas, com mais de 30 anos, atléticas, bronzeadas, giras e permanentemente divertidas:
"O que para uns é certo para outros é errado ... o respeito deve sempre existir mesmo que não concordemos ! Não há regras nem planos iguais ..não há formas de agir iguais ...não há nem nunca vai existir um plano a seguir para se ser feliz ...O problema é que vivemos num Mundo onde quase todos pensam mais na vida dos outros e ...todos acham que a forma deles é que é a forma certa de se viver sem saber o motivo porque os outros o fazem de outra forma ... eu aprendi porque tb já pensei assim... o importante é ser-se feliz sem desrespeitar ninguém ...sem subir por cima de alguém ..sem magoar outras pessoas e a viver-se a nossa vida porque se estivermos bem connosco próprios estamos bem para aceitar os outros !Estamos cá de passagem ...só vivemos uma vez e esta é a nossa vez e se a vivermos bem , uma vez é suficiente !Paremos de julgar ...paremos de criticar... Vivam a vida à vossa maneira e não da maneira que os outros acham certo e aconselham, pois se os conselhos fossem bons não se Davam, vendiam-se!"
O homem que escreveu este texto (aqui, corrigido ortográficamente) ganhou muitos gostos e respondeu orgulhoso a um comentário: "chamo-lhe maturidade e experiência".
"Já não tenho paciência para algumas coisas, não porque me tenha tornado arrogante, mas simplesmente porque cheguei a um ponto da minha vida em que não me apetece perder mais tempo com aquilo que me desagrada ou fere. Já não tenho pachorra para cinismo, críticas em excesso e exigências de qualquer natureza. Perdi a vontade de agradar a quem não agrado, de amar quem não me ama, de sorrir para quem quer retirar-me o sorriso. Já não dedico um minuto que seja a quem me mente ou quer manipular. Decidi não conviver mais com pretensiosismo, hipocrisia, desonestidade e elogios baratos. Já não consigo tolerar eruditismo selectivo e altivez académica. Não compactuo mais com bairrismo ou coscuvilhice. Não suporto conflitos e comparações. Acredito num mundo de opostos e por isso evito pessoas de carácter rígido e inflexível. Desagrada-me a falta de lealdade e a traição. Não lido nada bem com quem não sabe elogiar ou incentivar. Os exageros aborrecem-me e tenho dificuldade em aceitar quem não gosta de animais. E acima de tudo já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência."
É mais um texto (também corrigido) do mesmo homem, que excitado com o sucesso do primeiro, escreveu logo outro no dia seguinte. A última frase é o epitáfio da contradição e mata-o. Mas muitos "amigos" disseram que era "Top".
Há vários textos como este nas redes sociais, muito iguais, às vezes iguais, e muitas vezes inspirados em "escritores pop".
Mais um exemplo, agora de uma senhora, que escreveu assim ao acordar:
"Não importa se tens fama, estilo ou dinheiro, se não tiveres um coração humilde não vales nada..."
Esta é outra constante "destas" redes sociais : fama, estilo, dinheiro. Nunca, ou quase, se fala de conhecimento, obra feita, ganhar a vida, nada. Aliás a grande maioria tem ocupações leves e multifacetadas tipo "relações públicas", "agentes", "lojas online"....mas, parece muito, que o "cash" que os sustenta provém dos "sítios" do costume, mesmo aos 30 ou aos 40 anos: de expedientes incertos mas fashion, da família, dos pais. E sobra sempre emoção, coração.
Muitos gostam de tornar a sua vida emocional pública e multiplicam-se as declarações de amor sem fim e incondicional ao namorado do momento, ao pai, à mãe e, quando existem, aos filhos.
E o que motiva uma mulher de 45 anos, loura e bronzeada - pois claro - a publicar no facebook o local onde jantou, o bar onde foi e o clube noturno onde acabou a noite...de dia?
Benditas redes sociais que amplificam e aceleram o conhecimento sobre Nós, os humanos.
"Grândola"
De memória sei que Agustina um dia disse: muita gente escreve pelo facto de não ter lido, que o que agora escreve, já foi escrito.
De memória sei que um dia alguém disse: a canção é uma arma.
Aqui partilho o que já foi escrito por outros, motivados por uma canção usada como arma de protesto.
Esta partilha, mais não é do que um manifesto do gosto em escrever o que gostava de ter sido eu a escrever, em primeiro lugar.
Ricardo Costa, hoje no Expresso:
«...
Mas a democracia tem regras básicas que devem ser cumpridas. E a política tem regras não escritas que estes movimentos sociais não percebem. Quanto mais radicais forem. menos apoiantes têm.E acabam sozinhos a cantar...»
Miguel Sousa Tavares, hoje no Expresso:
«...
Pessoalmente, acho lastimável que se ande a banalizar o «Grândola» em cada ajuntamento de cidadãos convocados pelas redes sociais. Acho lastimável os ajuntamentos e arruaças ad hominem (que, aliás, são bem piores quando feitos nas tão louvadas redes sociais). E claro que acho que todos têm direito a falar, mesmo que não tenham nada de sério para dizer. Mas, infelizmente, há muitos portugueses que pensam que a democracia não é a liberdade, mas o bem estar - e por isso é que uma maioria deles se declara "desiludidos com a democracia" (não foi por acaso que vivemos 50 anos em ditadura).
Dito isto, também não caio na onda de legitimização do ministro...por via do martírio. ...»
Como fazer cumprir regras numa democracia de desiludidos, falidos e confundidos?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.