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Reinventar o Interior.
Foi assim, de forma feliz, que o Departamento de Ciências Sociais e Humanas do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital, em registo de festa da Primavera, desafiou os protagonistas a conversa a olhar para dentro do Interior e a fazer saber ao exterior como se pode existir e construir futuro, na parte do país mais longe do mar.
O debate confirmou aquilo que já se sabia: o Interior está todo diagnosticado! Desde o despovoamento, passando pelo abandono até ao envelhecimento, não faltam teorias, números e exemplos em relatórios assinados por protagonistas de movimentos, com maior ou menor mediatismo.
O debate confirmou aquilo que já se temia: não é fácil definir o que fazer, como fazer, quando fazer para que o diagnóstico não se prolongue no enunciado de um país que evolui inclinado para o litoral. Na economia, na educação, no turismo, só para citar alguns exemplos, o país já tomba para a água salgada em valores superiores a 80%.
Os Universitários convidados para acrescentar conhecimento sustentado ao desembrulhar das opiniões, foram corajosos ao deixar algumas ideias contra-a-corrente e que nos despertam de algum fastio que se apoderou do blá blá da interioridade. A saber:
- é imperativo mudar o léxico: esquecer os subsídios!
- é preciso ter cautela com o mito do turismo redentor!
- é necessário um sobressalto político, com alguma radicalidade e mudar o modelo de desenvolvimento!
- é evidente que no Interior falta dinheiro!
Convenhamos, foram autênticas pedradas no charco da conversa política, que passa a vida a prometer luas e eldorados, assim se convencendo que, com as ilusões, aquece os corações daqueles que gostam, daqueles que vivem o ou no Interior.
Reinventar o Interior.
Talvez tudo se possa Reinventar, com o assumir da sublime mensagem do académico da cidade do mondego, João Luís Fernandes, quando falou daqueles a quem lhe deve ser concedido “o direito de ficar” no Interior. Tão justo quanto decisivo: o direito de ficar onde se é feliz.
Sim, em vez de se passar a vida a lamentar os que partiram e a “desgraça” do despovoamento, parece ser um bom caminho assegurar às pessoas que no Interior se sentem bem, realizadas e completas, o direito de ficar sem se ficar com a sensação de serem pessoas da parte do país de segunda.
Talvez tudo se possa Reinventar, com o Interior a perguntar ao Litoral:
- Quero ficar Aqui! Posso?
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 11 de Abril 2019)
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