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O Interior precisa de pessoas. Em quantidade (número) e em qualidade (valor).
Mas o interior tem um feitio que ou é estupor ou provoca fastio.
Muito gosta o interior dos Seus quando partem para a cidade grande e lugares vistosos do país. É quase como nos funerais! Quando se morre, são vivos os elogios ao morto! Do Interior, quando se parte, os que cá ficam "morrem" para fazer parte do coro de "vivas" ao escolhido. Quem inspira este texto é Joel Vasconcelos, o professor da Eptoliva que foi para o gabinete de António Costa, o primeiro-ministro.
Se não me engano, só falei com o Joel uma vez, numa reunião de trabalho em se definiu um plano para meter a Rádio na Escola e a Escola na Rádio, algo que está e ficou feito. Gostei do Joel: competente, ponderado, disponível. Por isso, quando soube que o Joel ia embora não fiquei satisfeito. O convite pode ter sido bom para ele, mas não é bom para o interior...perder os melhores.
Também não terá sido assim tão bom para o Joel, receber tantos louvores na hora da partida- teriam sabido muito melhor, acredito, durante o tempo que por cá trabalhou. Aliás, alguns dos elogios, com destaque para as redes sociais, devem ter incomodado o próprio Joel, de tão desmesurados….
Vamos usar como pressuposto, para facilitar a mensagem, que cada um de nós se chama Joel, sim Joel!
E a seguir escrever que é positivo que o interior se reveja em cada Joel que vai para lá, mas é muito importante e decisivo que o interior se orgulhe, elogie e reconheça cada Joel que fica cá, que está cá, que faz cá.
O Interior precisa de saber posicionar-se, o Interior precisa de saber e de querer reconhecer os seus valores, o Interior precisa de saber ser egoísta, e até possessivo, para guardar e reter aqui os bons, em síntese, o Interior precisa de amor… próprio!
Se queremos mais e melhor Interior, temos que ser descomedidos no reconhecimento, no carinho e no aplauso ao mérito, sem que seja “condição” para tal que o Joel não esteja aqui ou sai daqui.
O Joel de cá não é inferior ao Joel que foi para lá…por estar cá!
(publicado no jornal Folha do Centro, 30 Nov. 2016)
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