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A capa do jornal não deixava espaço para o bolo rei do Natal: natalidade volta a subir mas interior fica para trás.
Dentro da notícia dizia-se que dentro do país, o menos é de tal maneira crescente que “o Interior fica cada vez Mais para trás”. Este “Mais” é um traço de destino para a fava.
Neste deve e haver de nascimentos e óbitos, o saldo é vermelho. O nascer está a perder com a morte. Pouca sorte. O Interior quando conta as pessoas apura “um caixa” de cada vez menos e…mais velhos.
É dramático. Muitos a sair, poucos a nascer e a paisagem humana cada vez mais grisalha.
Falta gente (jovem) em todo lado, em qualquer lado.
A demografia é a terrível radiografia do poder autárquico do Interior.
Vê-se tudo. E é evidente que os medicamentos já não fazem efeito. Duas décadas de discursos, debates, programas, anúncios, festas e eventos e é isto: são cada vez menos os que ficam, são cada vez mais os que não fazem filhos.
O poder autárquico do Interior pode não ser muito, mas a derrota é grande. A bandeira da proximidade sofre cada vez mais de falta de próximos.
O que fazer? Eis a questão. Eis a grande questão.
Talvez começar por um sobressalto.
A demografia exige que quem quer um país Inteiro fale alto e se foque de alto a baixo no desafio.
A natalidade não é uma prioridade, é uma necessidade. E ninguém faz filhos com luzinhas de natal e comboinhos. Filhos sempre rimou com sarilhos. Hoje a rima é mais forte. É fácil de dizer, não é fácil de resolver, se insistimos em não ver…e procurar entender.
Mas o que fazer? Eis a questão. Outra vez a questão!
Talvez importar pessoas.
Sem natalidade, a felicidade pode estar na contramão do vir com o ir.
O Interior vai ter que a abrir o coração à Imigração!
Sim, ou Interior vai fazer “compras no mercado” das Pessoas, ou vai parar perto, no deserto.
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 19 Dezembro de 2019)
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