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O preto do postal de Natal do Interior apagou-se.
Passou um ano e a Natureza fez a sua parte do Renascer. Passou um ano e parece que a natureza do ser humano não fez tão bem a sua parte.
Um Natal depois do Natal a seguir ao fogo, fica a ideia que muito aconteceu ao contrário.
Depois da “festa” do Primeiro Ano Depois, há muito Não quando se vê tudo através do retrovisor.
A solidariedade Não foi sempre bem gerida; a honestidade Não foi o pressuposto de todos; a celeridade Não foi a esperada; a unidade Não foi sempre realidade.
Neste tempo de festas, procure dar tempo ao tempo de olhar a Natureza - o preto do Natal passado morreu.
A força da Natureza esmagou o preto com o verde, a cor do Renascer.
Há paisagens que (quase) já não permitem a memória do fogo: impressionante.
A Natureza devia estar aborrecida com a natureza do ser humano. E há seres humanos que deviam usar a sua natureza para converter, para contagiar, para provocar a pobre natureza de Outros.
Há pessoas que assumiram o Renascer como uma prioridade de vida e inspirados pela Natureza e pela força da sua natureza fizeram a sua reconstrução. Outras, Não.
É desconcertante pensar que também desta vez o Interior não foi capaz de ser Todos. Só mesmo a Natureza está Toda verde…e viva!
Neste natal já não cheira ao queimado, mas cheira que muito importa fazer para não se continuar a queimar o futuro!
Há uma dolorosa ironia que agora nos queima: a chama do fogo apagou-se.
Sim, os ministros deixaram de passar; os turistas de ocasião deixaram de vir; a solidariedade deixou de chegar; as notícias deixaram de sair.
Ou o Interior é veloz na reconstrução, inteligente a olhar em frente e corajoso para se deixar de lamentos; ou o Interior será cada vez mais deserto no labirinto do seu próprio interior.
Este Natal Verde que a Natureza oferece ao Interior, é um mandato para fazer futuro.
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 21 de Dezembro 2018)
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