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Este texto é um cromo repetido.
Já colei esta mensagem na caderneta da Rádio. Hoje vivemos inundados de ruído de tanto que, para nos fazermos ouvir, importa repetir. Aqui está a repetição, desta vez na caderneta do jornal, desta vez sem áudio, outra vez sem filtro.
Começa assim:
O tempo é tramado. O tempo é (ainda mais) tramado para e com o Interior.
Às vezes, faz calor, o Interior arde, e falta a luz.
Outras vezes, sopra o vento, caem árvores, e falta a luz.
Sempre que falta a luz, dá jeito ter um gerador.
Se o local onde falta a luz é dedicado à saúde, a existência de um gerador, além de dar um jeitão, é uma obrigação.
O tempo é tramado.
O tempo passa.
Passou tempo, desde os incêndios de Outubro de 2017 até à ventania de janeiro de 2020, e o Centro de Saúde de Oliveira do Hospital contínua sem gerador!
Ministros, Presidente, outros mais ou menos notáveis da política e de cargos públicos nacionais e regionais, visitaram e vieram ver com os seus próprios olhos a desgraça de Oliveira do Hospital: tudo queimado, preto.
O Ministro da Saúde, quando da sua visita, fez o costume: prometeu. Prometeu o gerador.
O tempo passou, o gerador não chegou. Até hoje.
Como é possível?
Como foi possível?
Como é possível que nada aconteça, que ninguém se indigne, que ninguém proteste?
Como é possível que ninguém grite?!
Parece difícil assegurar luz, para que a saúde do Interior saia das trevas onde sobrevive.
O Interior continua a fazer caminho através de um túnel onde já se vê o fundo, mas não se vê a luz.
Falta energia ao Interior. E não há gerador.
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 29 Janeiro de 2020)
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