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A luta. Diga em voz alta três vezes seguidas, assim: A luta. A luta. A luta.
Soa a anos 70 ou 80, não soa? Faz lembrar um movimento sindical da CGTP, não faz? Mas às vezes é preciso, é preciso ir à luta. E o interior precisa. A luta continua. Sim a luta continua a ser uma forma válida e eficaz de fazer política.
Fez bem José Carlos Alexandrino em vir para a rua, em sair da beira da estrada e saltar para o meio da estrada da beira, em marcha lenta e a “gritar” indignação, revolta e insatisfação.
O Presidente do Município de Oliveira do Hospital é hoje um político em grande forma e tem razão quando protesta contra os acessos pré-históricos a Oliveira do Hospital e como o estado central (não) trata a saúde do concelho.
Este “grito de alerta” liderado por Alexandrino é uma jogada de mestre.
Estamos em véspera de eleições. Se o governo, por qualquer razão “perder a cabeça”, é agora, no tempo da caça ao voto. Se nada acontecer, e nada vai acontecer, o “grito” é um bom contributo para o PS, que assim vai caçar os votos que os “malandros” do governo não merecem.
Estamos em véspera de eleições. Se o PS ganhar em Outubro, já sabe que Alexandrino quer os ICs e quer médicos e não vai olhar a meios para o conseguir, nem a cores partidárias. Se o PSD e o CDS continuarem no poder, já sabem que aqui em Oliveira do Hospital vão ter “guerra”.
Alexandrino marcou pontos entre “os seus” e marcou o seu espaço no palco da arte do (im)possível, que é a política.
Alexandrino elegeu um novo acesso a Oliveira do Hospital como a grande obra do seu regime. Ambição maior num tempo menor, de vacas magras e dinheiro escasso. E pelo meio de cortes e faltas, o concelho ficou mal da saúde, sem médicos e novos projectos “arquivados”.
O homem da cordinha não foi de modas: fez-se à estrada e meteu a saúde na caravana do protesto. E o povo disse: - Presidente amigo, estamos contigo.
O dia da luta, sexta-feira, pode não ter sido o melhor; a hora, final de tarde, também não; o pino do verão, 24 de Julho, também poderá não ter ajudado, mas que o dia vai ficar para história vai, e logo num concelho onde as suas gentes não são muito dadas a grandes incómodos ou levantamentos públicos.
A estrada do protesto que Alexandrino decidiu seguir é sinuosa, esburacada, estreita, e não permite paragens! É mesmo melhor não parar, não vá Alexandrino acabar atropelado pela sabedoria popular. O povo topa os políticos a quilómetros, e quando deixa de achar graça….
(publicado no jornal Folha do Centro, 3 de Agosto 2015. Foto: Público)
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