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Isolados. Velhos. Doentes. Aflitos, no meio da noite.

O telefone? Ai o telefone! Nunca mais tocou, desde que o fogo o queimou.

O Homem chamou, ninguém respondeu.

O Homem andou, andou, caiu, seguiu e demorou.

O Homem gritou, ninguém ouviu.

O Homem voltou. Não regressou sozinho, mas ficou só.

A Mulher não esperou. Partiu.

Foi uma Rádio local, sim, uma Rádio local, que deu a notícia.

Foi um Jornal, mais regional que nacional, que ampliou o sucedido.

Num instante, o Interior virou outra vez clamor. O Troviscal de “lá longe” ficou perto de Lisboa e de Lisboa, os Senhores, disseram e fizeram o costume: comunicados, inquéritos! Desta vez, apesar do outra vez desta vez, desta vez isto não fica assim. Mas fica.

Quando o telefone toca, chega a fatura. Quando o telefone não toca, chega a fatura. O técnico para por o telefone a tocar, meses passados, nunca chegou.

Isto queima. Queima de raiva. Mas é o que é, que não devia ser, mas é.

Sejamos pragmáticos e sérios. Este Interior profundo, isolado, perdido está morto. Acabou.

Temos que tirar de lá as pessoas que ainda lá (sobre)vivem: é tudo o que há a fazer.

O Interior, que agora está na agenda (ou na moda?), é um problema demasiado grande para ser enfrentado por inteiro. Quando o problema é grande, é avisado procurar a solução após se ter dividido o problema em partes.

Vamos ao exercício. Divida-se o Interior em três: o Interior que tem pessoas; o Interior que está a perder pessoas; o Interior que quase já não tem pessoas.

O Interior que tem pessoas é um “falso interior”, aliás está a menos de uma hora do mar. É o Interior bom e que está bem.

O Interior que quase não tem pessoas, precisa de ajuda para que se apague o quase. Resolvido o problema, isto é, não havendo lá pessoas, trate-se da natureza.

O Interior que ainda tem pessoas, mas que está a perder pessoas, que perde muitas pessoas há mais de vinte anos, é que é o grande e determinante desafio.

Não há nada pior do que olhar para este “Interior Intermédio” e ver crescer o deserto. E no deserto o telefone não toca!

 

Vitor Neves

 

(publicado no jornal Folha do Centro, 27 de Fevereiro de 2018)

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publicado às 22:12

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O interior das guerrinhas do Interior é de um vazio de sentido sem medida.

Ainda há pouco ardemos, mas parece que já esquecemos.

Navega-se pelas rádios, jornais, televisões e redes sociais e…custa a acreditar, a aceitar, a compreender.

O Interior não é isto, mas, infelizmente, também é isto: disputas, invejas, insultos.

Somos cada vez menos. E como somos cada vez menos cada vez somos menos…dos bons! E mesmo esses, os bons, os melhores, deixam que a “Interiorite” se lhes agarre e não se seguram na queda para comportamentos primários, impensados e precipitados.

Há tanto para recuperar, há tanto para fazer, é tão necessário Renascer, que há espaço para todos no tudo que importa (re)conquistar.

Parece fácil, parece óbvio, mas não é.

O Ser Humano perde num instante a racionalidade, perde-se, estupidifica. Mas agora não pode ser, não pode ser! Leram bem? Não pode ser!

Nem que seja só por uma vez, ou só desta vez, precisamos de estar todos do mesmo lado, juntos, unidos, em força, nesta luta contra o esquecimento, contra o desaparecimento.

Não é o tempo, não é o momento para demissões, nem separações.

Este é o tempo de festejar o que Renasce, de ajudar quem precisa de recuperar, de ir até ao fim do mundo para dizer ao mundo que estamos cá, somos de cá e cá vamos continuar a viver.

Vamos lá deixar de disputas sobre quem-é-quem, invejar quem aparece por aparecer, insultar gratuita e violentamente.

Cruzamo-nos todos os dias uns com os outros, frequentamos muitas vezes os mesmos sítios, temos amigos comuns, temos familiares amigos uns dos outros, temos filhos que jogam futebol juntos e, todos, todos sentimos o inferno das chamas empurradas por um vento quente e louco.

Saibamos, então, não ser uma definição de vergonha…e de (mais) tristeza.

- Sabem o que aborrece, entristece e enfurece? É que muitos dos desavindos são gente boa, capaz, com provas dadas e que é precisa!

Apetece bater-lhes! Muito. Pelo bem do Interior.

Vitor Neves

(publicado no jornal Folha do Centro, 30 de Janeiro de 2018)

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publicado às 21:26


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