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Este texto é de verão… e fui eu que vi!
Sim, ela, outra vez, toda nua.
Não, não falo do filme da Diaz, da professora do miúdo e muito menos da vizinha do lado.
Falo da Democracia.
Vá lá, não desista já. Mais um bocadinho e verá, tal como eu, a Democracia, nua.
A Democracia vestida é o melhor que temos. A Democracia despida é indizível.
E a Democracia despe-se com facilidade. É muita dada a tudo, com todos.
Talvez seja por causa do clima, mas em Portugal a Democracia parece que anda (quase) sempre despida:
um banco, com donos conhecidos, em dificuldades…um conselheiro de estado e um gestor da “nossa” dívida, despedem-se da causa pública e, de um dia para o outro, saltam para o privado como salvadores do cash perdido.
Isto é a Democracia despida. Tudo é possível.
Não é normal, mas fazemos de conta que sim.
É uma espécie de indulgência de fim de regime.
Há uma terrível sensação de que Portugal, nos últimos anos, na última década, tem andado de ressurreição em ressurreição, um fracasso dá lugar a outro ainda e sempre maior- lê-se nos jornais.
Suplantamo-nos na mediocridade, no encobrimento, na mentira.
E as pessoas sentem incrivelmente que é assim que a coisa funciona e consentem, acomodam, acomodam-se.
Com a democracia despida vale tudo.
Em Portugal, a Democracia despe-se em (quase) todo o lado e onde menos se podia esperar, ou desejar, que tal acontecesse:
sabe o que se passou na última assembleia municipal do município de Oliveira do Hospital? Bem, pelos relatos, até pode ter sido a Democracia a funcionar, mas se não estava despida estava pouco vestida…com quase tudo à vista!
O problema do nu é ser um ponto de chegada. Uma ambição, uma conquista, um privilégio. Se o banalizamos, perde todo o estatuto, o glamour, torna-se ordinário.
A Democracia vestida é uma utopia constante, que nos obriga a ser melhores e nos invade a vida de esperança.
Pois é, hoje parece que já não há o culto da utopia…
Conseguiu ver a Democracia nua? Não?! Então vá para a praia, está a precisar de férias.
(publicado no jornal Folha do Centro em 24 de JUlho de 2014)
Com a ajuda de Pedro Santos Guerreiro, do Expresso, recupera-se o que um dia disse Ricardo Salgado sobre Filipe Pinhal e no que se tinha transformado o BCP:
«numa lamentável comédia que destruiu a um nível sem precedentes o valor do banco que geriram; que pôs em causa a credibilidade do sector e do país; e que envergonhou todos aqueles que empenharam as suas vidas e o seu património numa profissão que faz da discrição e do sigilo, da contenção e da prudência, da fidelidade e do dever fiduciários uma sagrada regra de vida.»
Há quanto tempo estamos a desabar?
Pergunta André Macedo, do Dinheiro Vivo, que nos ajuda a reflectir sobre o momento.
Reputações que se julgavam sólidas desaparecem.
Ontem BEStial. Hoje BESta.
Está toda a gente a controlar os danos.
Quem irá na enxurrada?
Quantas empresas, empresários, empreendedores e empregos irão com a maré vazia e que ainda não parou de vazar?
Já não temos gestores a construir. Temos gestores de falências, especialistas em dívida, economistas...elevados subitamente a banqueiros para aguentar a credibilidade que se perdeu e reparar os danos...limpar a casa.
Não é normal mas fazemos de conta que sim.
É uma espécie de indulgência de fim de regime.
Há uma terrível sensação de que Portugal, nos últimos anos, na última década, tem andado de ressurreição em ressurreição, um fracasso dá lugar a outro ainda e sempre maior.
Suplantamo-nos na mediocridade e no encobrimento.
E as pessoas sentem incrivelmente que é assim que a coisa funciona e...consentem, acomodam, acomodam-se.
Tanta asneira num país tão pequeno.
Chega de mentiras.
E que o banco continue verde, tal como a esperança, que assim não morre.
Sophia no Panteão.
1919-2004
Escritora, Poetisa
Hoje, foi o dia da resposta a um Quando...
A Latin Recording Academy anunciou hoje ter agraciado o cantor de "Um Homem na Cidade" com o Prémio à Excelência Musical - "Lifetime Achievement" no original em inglês -, uma distinção única que pretende celebrar a carreira de um artista.
Carlos do Carmo. que muitos consideram o melhor cantor lusitano de sempre, tornou-se o primeiro português a ganhar um Grammy e logo numa das categorias mais consideradas, o "Lifetime Achievement", entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao êxito que lograram com determinada canção ou álbum.
O fadista português foi ontem informado pelo próprio presidente da Latin Recording Academy, Gabriel Abaroa Jr., que havia vencido o Grammy, tornando-se assim no primeiro português a conquistar um galardão que também já foi entregue a Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Elvis Presley, Miles Davis, Bob Dylan, Billie Holiday, James Brown, Tom Jobim, David Bowie, Leonard Cohen, Johnny Cash ou, já este ano, Kraftwerk, Ney Matogrosso e Los Lobos.
O Grammy é considerado o maior e mais prestigiado prémio da indústria discográfica, estando previsto que o troféu seja entregue a Carlos do Carmo no próximo dia 19 de novembro deste ano, no Hollywood Theater da MGM, em Las Vegas, Estados Unidos da América. Nesse mesmo mês estreará em Portugal um filme documental sobre a vida e a obra de Carlos do Carmo realizado por Ivan Dias.
Neste momento, e até ao final do ano, estará patente na Cordoaria Nacional, em Lisboa, a exposição "Carlos do Carmo 50 Anos" cuja inauguração sucedeu depois do lançamento do álbum "Fado É Amor", também ele publicado em jeito de celebração do 50º aniversário da sua carreira e onde contou com a colaboração de Mariza, Ana Moura, Carminho, Camané e Aldina Duarte entre outros fadistas das mais recentes gerações.
Aos 74 anos de idade, Carlos do Carmo chega assim ao ponto mais alto da sua carreira. Filho de Alfredo de Almeida, que veio a ser proprietário da casa de fados O Faia, situada no Bairro Alto, e de Lucília do Carmo, uma das mais distintas fadistas do século XX, de quem viria a adotar o apelido, Carlos do Carmo nasceu em Lisboa a 21 de dezembro de 1939 onde ainda hoje vive.
A sua carreira teve início aos 9 anos de idade, quando gravou um primeiro disco, mas os registos oficiais dão 1964 como o tiro de partida para um percurso carregado de canções que ficaram na história da música portuguesa.
São igualmente inúmeros os prémios e distinções que ao longo de uma carreira de mais de 50 anos distinguiram a sua arte de respeitar e, ao mesmo tempo, inovar o fado. Partindo do chamado fado tradicional, mas com uma bagagem musical onde podemos encontrar Frank Sinatra, Jacque Brel, Elis Regina ou José Afonso, Carlos do Carmo foi construindo um reportório de onde se destaca o álbum "Um Homem na Cidade" entre muitos outros espécimes da mais alta estirpe que gravou ao longo da sua carreira.
De entre as sua canções mais populares destacam-se interpretações como "Os Putos", "Um Homem na Cidade", "Canoas do Tejo", "O Cacilheiro", "Lisboa Menina e Moça", "Estrela da Tarde", "Duas Lágrimas de Orvalho" muitos deles escritos com José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho.
Carlos do Carmo foi também um dos maiores defensores do património fadista. Com Rui Vieira Nery protagonizou a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, distinção que viria a ser atribuída pela UNESCO em novembro de 2011. Para a divulgação do fado "lá fora" também foi instrumental o seu papel no filme "Fados", dirigido pelo realizador espanhol Carlos Saura e estreado em 2007 com a sua participação e também a de Mariza, Camané, Carminho, Argentina Santos além de Chico Buarque de Hollanda e Caetano Veloso.
Entre as suas apresentações públicas mais relevantes contam-se espetáculos nalgumas das mais prestigiadas salas de todo o mundo como o Olympia de Paris, Ópera de Frankfurt, Royal Albert Hall de Londres, Canecão do Rio de Janeiro, Savoy de Helsínquia ou a Ópera de Wiesbaden. Em Portugal, atuou no Mosteiro dos Jerónimos, no Centro Cultural de Belém, no Grande Auditório da Gulbenkian, no Coliseu dos Recreios ou no Casino Estoril.
"Uma tranquilidade que me prepara para a morte com muita serenidade", disse Carlos do Carmo, esta tarde, ao Expresso Diário.
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