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2013

30.12.13

Em 8 de Janeiro de 2013, foi aqui escrito o que segue:

 «2013 é o ano do tudo!

Tudo pode acontecer. Tudo temos que fazer. Tudo devemos dar, tudo, do todo que é cada um de Nós.

Para tudo temos que estar preparados!

Que seja o ano do Tudo que queremos!»

 

Não foi, não foi o ano do Tudo. Definitivamente. Aliás, fica até a sensação que faltou qualquer coisa, não importa se boa se má, mas faltou! 

Foi um ano muito difícil, duro e triste, para (quase) todos, em Portugal.

Foi um ano estranho! Já lhe chamaram «Ano improvável».

 

A seguir, partilhamos alguns olhares do ano de 2013 para memória futura:

 

- Figura Internacional: Papa Francisco (Jorge Bergoglio).

No mundo de hoje, acelerado, fragmentado, instantâneo, um homem  que fez "uma revolução" para melhor. Francisco é hoje no mundo "uma unanimidade", algo que parecia impossível dizer de um homem, de um homem da Igreja. E não tem receio de sorrir.

 

 

- Palavra do ano: Irrevogável. Autor: Paulo Portas. (Irrevogável? Não era...)

 

- Figura Nacional (a trabalhar lá fora): Cristiano Ronaldo. Mesmo que não ganhe a «A Bola de Ouro», o ano foi de ouro para o Português mais famoso de sempre em todo o mundo. E "obrigou" Portugal a voar para o mundial do Brasil em 2014. Vale milhões.

 

- Figuras Nacionais (a trabalhar cá dentro): O Empreendedor e o Empregado. Coragem, Loucura, Resiliência e Paixão...pelo que se faz e pelo País.

 

- Figuras Regionais do ano: Rui Moreira (Norte, Porto) e José Carlos Alexandrino (Beira Interior, Oliveira do Hospital) 

 

- Acontecimento Internacional (a ver daqui): Moçambique voltou aos tiros, aos raptos, à guerrilha. Um dos países mais pobres do mundo, pegou logo nas armas quando lhe disseram que lá longe, pode, afinal, vir a ser rico. E muitos Portugueses pegam na mala para vir embora... 

 

- O mentiroso do ano: Lance Armstrong. Sete Tours. Sete vitórias. Sete vezes dopado. A mentira chocante, revelada na 1ª pessoa no show de Ophra. 

 

- Acontecimento Nacional: Emigração. Saíram mais do que nasceram, como nunca tinha acontecido. Saíram tantos como os tantos de outros tempos maus. Saíram novos e cheios de saber, o que também nunca tinha acontecido. Se aqui não é possível sonhar.... 

 

- .................... : Tribunal Constitucional.

 

- Negócios do ano: PT/OI e ZON/OPTIMUS. Num ano em que Portugal continuou a ser "vendido" a preço de saldo, acontecem fusões de milhões a falar português no topo da lista mundial, onde se encontram outros nomes como Microsoft/Nokia e outros nomes...de Angola.

 

- Empresa do ano: MOTA-ENGIL. Em mais um annus horribilis para a construção nacional, chega a ser de fina ironia que seja uma empresa do sector a brilhar! África (Internacionalização), Resultados, Bolsa de Londres - Um feito! E Mota ainda levou para casa o prémio da Exame "Excelência na Liderança"...   

 

- O problema dos anos passados, deste ano, do próximo ano e dos anos seguintes: A Dívida.

 

- O FIM do ano: Nelson Mandela.

Talvez tenha partido o melhor de todos Nós.

 

- Música: muitas para ouvir no Spotify. Para ouvir a toda hora, em todo lado em tudo que é gadget. Faz de cassete, de disco, de cd, de pen...e de Rádio. Na rede e em rede.

(falta um Livro e um Filme: a cultura sofreu muito em 2013!...)

 

- O "media" do ano: Expresso. 40 anos de vida assinalados de forma brilhante, cuidada e profissional em registo omnicanal e muito digital.

 

- O "opinion maker" do ano: Pedro Santos Guerreiro.

 

- O nome nacional mais googlado: Erica Fontes, actriz porno.

 

- A gaffe do ano: a Selfie de Helle (Dinamarca), Obama (EUA) e Cameron (Inglaterra) no funeral de Mandela.

 

- Mais olhares: falar de insolvência sem sobressalto; ver o desemprego como sendo "natural"; a austeridade como modo de vida; tudo low cost, com (grande desconto) ou mesmo grátis...se for na net; a Troika e a perda de soberania... para os Mercados e para a Alemanha; a recessão que partiu e o crescimento que não chegou, nunca (mais) chega!;a resignação à vidinha com ou mais ou menos Relvas, Gaspar e/ou direitos adquiridos; mais vazio, mais pobre, mais velho...e mais e mais cortes e impostos.

E um derradeiro olhar, tão verdadeiro como cruel: Portugal não tem dinheiro.

2013 está visto.  

 

(Olhares de 2013, divulgados parcialmente em ca§h resto z€ro/rádio, segunda-feira 30 de Dezembro, em Rádio Boa Nova FM 100.2 e radioboanova.com)

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publicado às 01:53

Não leia este texto. Siga. Vire a página.

Se tiver muita vontade de ler, deixe para Janeiro, que é só pró ano!

O aviso está feito. Se decidiu ler, depois não se lamente.

Portugal chega ao final de 2013 mais vazio.

Portugal acaba 2013 mais pobre.

Portugal termina 2013 mais velho.

Portugal é Você!

Sim, Você!!!

Não tem um amigo, um familiar, um colega, um conhecido, que emigrou? Pense bem, de certeza que tem.

Sim, Você!

Não ganhou menos, não pagou mais impostos? Se assim foi e o “foi” foi lícito, aproveite a quadra e distribua um pouco da excepção que é. E parabéns. E previna-se, que em 2014 vão estar de olho em si- é como se estivesse revestido a luzinhas pisca-pisca.

Sim, Você!

Não deu conta que cada vez nascem menos crianças, não deu conta que muitos jovens partiram? Claro que deu conta, ainda que possa preferir fazer de conta que não deu conta.

Ainda está aí? Vai continuar a ler? A decisão é sua.

Sim, Você, está mais vazio, mais pobre, mais velho! Enfim, nem tudo é assim tão mau. Estar mais velho é o fundo de garantia de estar vivo. O que é aborrecido é estar a ficar mais velho rodeado de mais velhos, mas…

Se Você é Portugal, Você está assim.

O austericídio é facto. Mas facto não quer dizer sempre.

Não há mal que sempre dure!...

O que está vazio, mais cedo ou mais tarde, volta a encher.

O mais pobre, um dia, poderá ser mais rico.

O velho, pode sempre fazer qualquer coisa de novo.

Quando assim for, gritaremos “vivas” e esqueceremos tudo o que passámos, daremos graças e agradecimentos, ainda que o que foi não volte a ser.

Isto só acaba com a morte.

E estamos vivos.

Custa a escrever “boas festas”, mas não devemos deixar de celebrar o (re)nascer:

Feliz Natal.    

 

(Publicado no Jornal Folha do Centro, edição de segunda-feira, 23 de Dezembro de 2013)    

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publicado às 12:03

Para o Coreógrafo a democracia está em risco.

Para o Professor em democracia é possível corrigir.

Para o Jornalista/Escritor a democracia não se governa assim.

Estas opiniões foram publicadas em Portugal nos últimos trinta dias.

Tantos e tão diferentes preocupados com a democracia. Porquê?

Talvez ajude a resposta ler o que se segue...

 

A democracia está em perigo, ninguém sabe bem o que vai acontecer, os limites foram sendo ultrapassados. Deixámos de investir nas pessoas para investir na imagem do país, para estar ao pé dos outros, para ser parecido com os outros, e esse foi sempre o problema de Portugal. O Portugal de brandos costumes não nos tem ajudado. As pessoas até se mobilizam, mas as manifestações não têm tido um efeito efectivo. Falta uma coisa que rasgue um pouco mais, que agite um pouco mais. As pessoas não vão até onde poderiam ir. Ainda existe medo, ainda existe muito a perder. E, em Portugal, o Estado é ainda muito presente.

Tiago Guedes

Coreógrafo, Teatro Virgínia - Torres Novas

Jornal de Negócios

 

Há desigualdade no capitalismo? Há.

Mas muitos que dela beneficiam tém-no por mérito (Bill Gates, etc.), não pela força.

E na democracia é possível corrigir muita coisa. Na ditadura nada.

Porque não há equilíbrio mas concentração de poderes.

E já se sabe como é: se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.

Jorge A. Vasconcellos e Sá

Mestre DruckerSchool

PhD Columbia University

Professor Catedrático 

Vida Económica 

 

Por falta de conhecimento e já falta de interesse, não discuto a questão de fundo: já sei que os ministros da Educação têm a tentação de lançar avaliações que acabam em rendições e que a Fenprof, por dever de função, é contra toda e qualquer avaliação - seja de professores ou de escolas.

Mas meter doze providências cautelares em doze tribunais, na esperança que apenas um deles - e será suficiente - decida a pretensão da Fenprof de suspender as avaliações, parece-me uma forma esdrúxula de conseguir que a simples opinião de um juiz possa suspender um acto banal de política de um Governo eleito, mesmo que outros onze juízes pensem diferente. Haverá alguma outra democracia no mundo que se governe assim?

Miguel Sousa Tavares

Jornalista, Escritor

Expresso

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publicado às 22:30

Os Sinais do Sacrifício são sempre contraditórios.

Um dia parece que, apesar de tudo, valeu a pena;

Outro dia parece que, apesar de tudo, nada valeu de nada.

 

Um dia são os sinais de um “cenário preocupante” em Portugal, de acordo com a Intrum Justitia, e as conclusões do estudo "Consumer Payment Report":

 

- 40% dos portugueses fica sem dinheiro depois de pagar as contas.

 

- Um terço dos portugueses (33%) considera a hipóteses de emigrar devido à situação financeira do País e 29% garante que não tem dinheiro suficiente para ter uma vida digna.

 

- Os portuguses fazem cortes nas despesas de lazer (91%) e de vestuário (89%), assim como de refeições fora de casa (91%).

 

 E, qual sinal de esperança, três em cada dez acredita que as mulheres são melhores gestoras do orçamento familiar!!!

 

 

Outro dia são os Sinais de um "cenário em mudança", finalmente, para melhor:

 

- Portugal já não está em recessão técnica.

 

- Há empresas que em 2012 aumentaram facturação, lucros, trabalhadores e exportações (mesmo em Oliveira do Hospital!) 

 

- O consumo não caía tão pouco desde 2010.

 

- O desemprego e os juros baixaram.

 

E este vai ser o melhor Natal para "o Negócio" desde 2010.

 

 

"Não há absolutamente ninguém que faça um sacrifício sem esperar uma compensação.

É tudo uma questão de mercado."

Cesare Pavese

1908-1950

 

 

( resumo do ca$h resto z€ro/rádio, segunda-feira, 18h 30m, dias 2, 9 e 16 de Dezembro, em Rádio Boa Nova FM 100.2 e radioboanova.com)

   

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publicado às 17:50

Pedro Bidarra, publicitário (em pousio?) que mudou de vida para ser escritor, editou recentemente "Rolando Teixo" (Poucas palavras, Grande ficção), que alguns consideram um dos livros do momento. A edição é da Guerra e Paz.

Pedro Bidarra concedeu recentemente uma entrevista a Anabela Mota Ribeiro (Ampola Miraculosa, Jornal de Negócios), onde partilhou uma certa forma de olhar Portugal, a vida e as pessoas, que sob edição do ca$h resto z€ro aqui destacamos (a bold).

 

 

Gostar Portugal

É muito simples e está destilado. Já destilei esse pensamento, que é um pensamento de taxista. Gosto e amo o cheiro, e a cor, e o verde, e o mar, e os robalos, e a praia. E detesto a gente. Não são as pessoas. A parte das pessoas que é animal, que é como os robalos, os cães, os gatos, gosto. Aquela parte que é a nossa construção social cheia de convenções, cheia de gentinha, cheia de grupinhos, [não gosto]. É tudo muito conservador. Somos pequenos.

 

  

O ser pequeno

Não, é por sermos pequenos, é da dimensão. Os nossos ricos são pouco ricos. Os nossos líderes são pouco líderes. Toda a gente aqui tem muito a perder porque tem muito pouco. Qualquer empresário – e conheci imensos enquanto trabalhei – tem muito a perder. Um Bill Gates, um daqueles gigantes que têm muito, podem arriscar. Aqui, mesmo os nossos artistas, muitos deles arriscam pouco. Têm medo do que os outros vão dizer. Estamos todos muito próximos. 
Odeio a pequenez. Não é a pequenez das aldeias, é a pequenez do espírito. Estamos todos mais preocupados em conservar o pouco que temos do que arriscar o que temos para ter mais. A maior parte não diz o que pensa, está cheia de salamaleques, de vénias. Mesmo aqueles que é suposto serem abertos no meio artístico e cultural.

 

O conforto e o risco

Parece-me natural procurarmos o conforto, em casa, na família, no grupo. É biológico. Muitas vezes, a procura do conforto implica que não arrisquemos. "Não vou arriscar, o risco pode não compensar". Os desesperados arriscam muito mais. Não estando eles confortáveis, têm que arriscar à procura dessa zona de conforto. A nossa pequenez social: não temos poucos com muitíssimo, temos alguns com muito – não são tão poucos como isso. Também não temos o desconforto; vamos tendo cada vez mais pobres, mas não temos legiões de pobres, como há na América. Consigo encontrar pequenas zonas de conforto. O pessoal sente-se feliz de estar no Bairro Alto. Eu detesto. Oprime-me esta gente que vejo aqui, que é sempre a mesma, a palmada nas costas.

Chega-se a um ponto em que não se espera o risco, não se espera a criatividade, a diferença – espera-se a banalidade.

A ideia de deixar de aprender é uma receita para pensar que posso morrer.

Perdi uma data de dinheiro ao arriscar. Ganhava uma fortuna e agora ganho nada. Escrevo um artigo por semana num jornal electrónico, não dá para a gasolina. Perdi o conforto do dinheiro, o conforto do salamaleque à minha volta, do respeito. Deixar de ter a corte, custa? Muita gente diz que não, mas no fundo, no fundo...

 

A política

A política é uma coisa que me anda a enfadar imenso. Parece que está tudo a falar para o canal. Há um emissor e era suposto que o receptor fosse um cidadão, mas ninguém está a falar para o cidadão.

Mas oiço os que falam da esquerda e da direita e acho tudo uma irracionalidade! É tudo a falar sem verdade nenhuma. Há aqui um discurso que nos chama estúpidos a toda a hora. "Falem lá verdade", que não há dinheiro para fazer isto e que a nossa energia criativa devia ser usada para fazer o que muitas famílias têm feito. "Como é que me vou reinventar? Como é que refaço a minha vida, como é que me organizo com os meus filhos e avós e pais para conseguir ter poupanças?

 

Agora, Nós Pobres...e cada um de Nós 

Por volta de 2007, 2008 começámos todos a retrair; o país, o mundo. As crises financeiras. Começa tudo a ficar mais conservador.

Estamos a ficar pobres e vamos ficar pobres. Vamos ficar da nossa dimensão, que é pobre. Podíamos ficar pobres, não pobrezinhos e honrados, isso não vale a pena, mas pobrezinhos e espertos, e criativos. Era muito melhor se esta coisa forçada nos tornasse mais engenhosos. 

Nunca encontrei ninguém que não tivesse qualquer coisa. Não sei o que é que nos singulariza. Sou observador, gosto de ver. Só tenho uma alergia a pessoas chatas e pretensiosas. Gosto de bandidos e de gente diferente. Gosto mesmo de canalhas e de gajos esquisitos. Gente que me pode complementar.
 

E,

E o Portugalito?
É um sistema que aqui está. Como em todos os sistemas, uns crescem e prosperam, outros duplicam-se, outros definham e morrem.

 

O ser Eu a fazer

A minha casa nunca foi sítio de se elogiar os feitos. Fazer bem, estar bem feito era uma obrigação. 

Estar sempre quieto a fazer o mesmo é ser arquivado. A ideia de deixar de aprender, de já ter feito tudo – "já sou isto" – é uma receita para pensar que posso morrer. "Já fiz, já só falta morrer" – dá-me angústias. E vou fazer outras coisas. Por isso é que digo que estou sempre a começar.

 

Escrever 

Se estamos a escrever, estamos em casa, e são horas para fazer duas páginas. É tempo que não se está a viver, a comer, a passear. É tempo em que não se está a fazer outros verbos. Mas estamos a escrever sobre isso, sobre gente que vive, que ama, que passeia. 

Há três géneros de romancista: os que escrevem com o vocabulário, os que têm memória e os que têm ideias.

(Pedro Bidarra escreve "very short stories" no blogue "Escrever é Triste".)

 

Não vou fazer uma coisa que me torne infeliz.

 

 

 

 

 

 

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publicado às 17:01

O Jornalismo (que temos) é útil à democracia?

Expresso 40 anos

 

«Sim, mas por acaso.

O jornalismo tem outras obediências e não é essa a sua prioridade.

O jornalismo é um dos responsáveis pela degradação do regime democrático.»

Rui Rio

 

A última conferência do Expresso 40 anos foi uma discussão apaixonada,

dura e cheia de provocações sobre os media, o que o mundo mudou e muda todos os dias,

e a democracia.

 

A crise do jornalismo é causa ou consequência da crise da democracia?

 

 

Expresso 40 anos

Foi, em 2013, mais que um aniversário de um jornal!

Foram edições para guardar de revistas com 40 anos de história,

Foi uma exposição que se mostrou em dez cidades do país,

Foram quase 40 oradores...

...em conferências de superior qualidade!

Tudo começou em Lisboa...

 (ver post de 20 de Janeiro de 2013)

e tudo termina no Porto, ao lado da Casa da Música. 

Portugal, do melhor.

Parabéns.

 

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publicado às 23:48

 

 Hoje, talvez tenha partido o melhor Homem do mundo!

 

 Obrigado, Madiba.

 

 Nelson Mandela (1918 - 2013).

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publicado às 23:08

Podem sempre existir dois olhares, tais como: o nosso e o dos outros; o de dentro e o de fora.
Após o nosso olhar sobre Portugal no texto anterior, eis que na sexta-feira, dia 29 de Novembro, na edição europeia do "New York Times" se usa a fotografia de um burro mirandês, na capa, para comparar o percurso do animal ao destino dos portugueses. "Em Portugal, um burro de carga vive de subsídios" é o título do artigo que compara o que está a acontecer ao burro mirandês ao que se vai passando com os seus donos humanos.
Segundo o "New York Times" (aceder aqui), esta raça de burro é a perfeita metáfora para o destino de Portugal: o animal foi essencial na agricultura durante muitos séculos, mas agora está em risco de extinção devido à desertificação do interior do país. De igual modo, também os portugueses estão a declinar e vão sobrevivendo à custa de subsídios da União Europeia.

"Não é fácil ser um burro hoje em dia", começa por dizer o jornalista Raphael Minder, que foi até à Paradela para escrever o seu artigo e faz questão de salientar que "o grande e dócil burro mirandês é considerado uma espécie ameaçada desde 2003", tendo sido substituído "pelo trator e equipamento agrícola mais moderno".

 

É nessa medida que o seu destino se cruza com o dos humanos da mesma zona: "À medida que os mais jovens abandonam as zonas rurais pelas cidades, os burros também são ameaçados porque os agricultores que tomam conta deles estão a ficar demasiado velhos para continuarem a fazê-lo".

Assim, quem ainda tem burros mirandeses fá-lo "por amor ao animal" e não por vantagem económica, conseguindo manter o animal à custa de subsídios europeus que vão chegando para ajudar a preservar a espécie.

 

"Depois de décadas de negligência e, argumentam alguns, de falta de compreensão, o destino do burro acaba por parecer-se com o dos seus parceiros humanos em muitos locais do interior, duramente pressionados: ameaçados pelo declínio da população e com a sobrevivência dependente, sim, de subsídios da União Europeia", reza o artigo.

 

Portugal, burro?

 

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publicado às 15:49


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