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Já não suporto ouvir, ler ou escrever a palavra crise. Mas a crise afecta todos e tudo. E para quem escreve, a inspiração é tudo.
Agarrei-me ao anagrama da palavra para a escrever aí em cima, assim, como está.
Bem-feita. Se a crise nos está a virar a vida do avesso também nós a podemos escrever ao contrário.
E hoje vou escrever muito ao contrário. Ao contrário do que (quase) toda gente diz, pensa e concorda.
Preparados? Vamos a isto.
1- Portugal nunca devia ter deixado entrar a Troika.
Em Espanha não entrou. Só uma política desvairada do PS, de Sócrates, e um desejo desvairado pelo poder do PSD, de Passos, nos enTroikou o destino.
Todos sentimos falta de ter Pátria. E saudade.
2- O Euro dos grandes não pode ser igual ao Euro dos pequenos.
Sair do Euro é um salto para o desconhecido que pode acabar mal. É melhor não tentar. Mas para um pequeno competir com um grande tem que se encontrar um “handicap”, caso contrário e ao contrário do que devia ser, ganham sempre os mesmos, ou ganha sempre o mesmo- o que ainda é mais grave. E assim o jogo perde a graça e não tem piada nenhuma.
3- A dívida mata!
Não há austeridade que pague dívidas. O país não tem recursos nem meios para crescer 4%, ou mais, para conseguir pagar o que deve. Ou se apaga parte da dívida do lado do deve e do haver; ou se empurra uma parte da dívida lá para a frente, mas muito lá para a frente, de modo a que nenhum de nós a volte a ver; ou nunca mais saímos disto: falidos para sempre.
4- O défice também mata!
Em democracia, o estado Português nunca foi capaz de fechar um ano com as contas sem défice!!! Assim não dá.
Viver sem défice é reduzir despesa ao estado. Reduzir despesa ao estado é despedir funcionários públicos (que duplicaram em cada década e meia após Abril de 74), baixar salários, cortar subsídios e pensões. E só assim é possível pagar menos impostos.
Públicos e Privados: todos diferentes, todos iguais.
5- Sem mercado interno não há mercado externo que nos valha.
Sim, temos que exportar para ali e acoli. Sem vender aqui, poucos ou nenhuns terão condições para conseguirem que os seus produtos e serviços se vendam longe daqui.
6- Portugal está a ficar velho e…burro!
Portugal envelheceu muito nos últimos vinte anos. Portugal tem cada vez menos jovens: nascem cada vez menos e dos que nascem muitos vão embora. A emigração está a levar os nossos melhores, os que estudaram. E dos que cá ficam, são agora menos aqueles que em idade de estudar dão continuidade aos estudos.
Hoje a competição é para cavalos! Com burros não vamos lá!
Maldita sejas, esirc!
ps.: como aqui se antecipou por escrito, José Carlos Alexandrino ganhou as eleições autárquicas e com maioria. Mas a vitória foi tão grande que, qual sortilégio do diabo, Alexandrino tem pela frente o grande desafio da sua vida: saber ser (tanto) poder.
(publicado no jornal Folha do Centro, terça-feira, 22 de Outubro de 2013)
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