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Isto é uma prosa. Vamos evitar os números. No entanto, começamos assim:
- 10 anos. Dez anos é muito tempo, diz a canção.
Foi este tempo que tirou mil seiscentos e trinta e nove potenciais eleitores ao concelho de Oliveira do Hospital. Sem surpresa: menos pessoas, menos eleitores.
Nesse mesmo tempo, quem perdeu mais votos do que o concelho perdeu de potenciais eleitores, foi a Direita, com nomes: PPD-PSD e CDS-PP. Vamos conferir: em 2009 estes dois partidos conseguiram 5901 votos; em 2019 a soma dos votos não passou os 3503. Em dez anos a Direita Clássica perdeu, em Oliveira do Hospital, dois mil trezentos e noventa e oito votos!
Em 2009 o PS ganhou, tal como em 2019. Mas se o PSD e o CDS fossem uma coligação, ganhavam.
Em 2011 o PSD ganhou, sem coligações. Em 2015, o PSD juntou-se ao CDS e ganhou outra vez, mas somou menos votos do que tinha somado sem o CDS em 2011. Ainda assim, sempre acima do registo dos 5000 votos. O PS, depois de 2009, não conseguiu ir além do intervalo entre os 3400 e os 3800 votos.
Os sinais de 2015 eram uma evidência: o PSD, que então ganhou a nível nacional, estava em queda livre em Oliveira do Hospital.
Em 2019 o PSD contou apenas 3080 votos. Em 2009, 4675. Ao PS, em 2019, bastou-lhe subir cerca de 250 votos para somar 4003 votos e voltar a ganhar em Oliveira do Hospital, dez anos depois. Do lado da Direita mais pronunciada, o cenário é ainda mais esclarecedor: o CDS perdeu dois terços dos votos na última década. A estrelinha da Esquerda brilha ainda mais se chamarmos ao exercício o Bloco de Esquerda, que quase chegou aos 800 votos no último acto eleitoral, a sua melhor votação de sempre na terra do cavaleiro.
O outrora bastião laranja mudou de cor. Agora os tons são muito mais rosa.
Todas estas contas se resumem num placard tipo futsal: 14-2. Na soma de 16 freguesias, agora somam menos em consequência das uniões, o PS ganhou em 14!
Não vale meter nestes apuramentos o efeito nacional. Apesar da vitória do PS, o PSD ganhou, como habitualmente, em Viseu: também não vale meter Alexandrino neste barulho, o Presidente do Município e da CIM, dado que ele já cá estava em 2015 e nas últimas eleições locais somou o dobro dos votos do PS.
Este texto não é uma análise política, o que tornaria obrigatório falar da galopante abstenção. Este texto é uma nota de preocupação pela democracia, que respira saúde na possibilidade de alternativa.
Em Oliveira do Hospital, essa saudável possibilidade parece estar ausente!...E a democracia doente(?).
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 10 Outubro de 2019)
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