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Há coisas que são difíceis de entender. E de aceitar.

Portugal na CEE foi o que foi e é o que é: a nossa benção!

A CEE, que hoje é uma União Europeia de 28 países, tem um parlamento. Os representantes de cada país, para voar para lá, precisam do voto.

Portugal vota pouco, muito pouco. E a parte de dentro de Portugal, o Interior, ainda vota menos.

Esta montanhosa abstenção, num acto único, agride a democracia e a Europa.

É grave, é perigoso, é ingrato e é pouco inteligente.

A democracia é sócia da liberdade na sociedade das nossas vidas. Sem democracia, não há sociedade.

Ora, a democracia é um processo contínuo tão frágil que, ainda que nos pareça infinito, se pode quebrar a qualquer instante.

Não votar é ignorar o “frágil, pode partir” e empurrar-nos para fora do melhor que temos, sem sabermos para onde vamos.

Não vale queixas de café sobre políticos, campanhas e partidos - nada justifica não votar. Não, não votar não é outra forma de votar, é falhar!

A União Europeia é o mais bem sucedido projeto de democracia, liberdade e paz de todo o mundo.

A Europa, como gostamos de lhe chamar, para países como Portugal e especialmente para regiões como o Interior, foi a mão divina do desenvolvimento rodoviário, cultural e social. O Portugal de hoje, o Interior de hoje, cheiram a novo, a moderno, a desenvolvido, graças à Europa.

Não foi tudo proveito, mas o proveito é incomparavelmente maior que o custo: tcharan, saiu-nos o Euromilhões.

E, como bónus adicional, a Europa é uma espécie de Santuário de Fátima: quando estamos aflitos, quando a vidinha nos corre mal, somos lestos nas preces à Nossa Senhora Europa: tende piedade de nós. A Europa tem tido. Portugal tem esquecido.

Nós Portugueses, Nós do Interior, no dia de nos manifestarmos com o nosso voto para o futuro europeu, o que fazemos? Faltamos, facilitamos, ignoramos.

De vez em quando, a nossa cidadania desenha-se pelo tamanho do país, em ponto pequeno.

Como país europeu, votar ficava-nos tão bem.

Vitor Neves

(publicado no jornal Folha do Centro, 7 de Junho 2019)

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publicado às 22:04

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E, quase que de súbito, parece que os números começaram “a dar certo”, como se diz no Brasil.

- Será?

Vamos conferir:

  • Crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) 2016: 1,4% (2% no último trimestre)

Menos do que em 2015. Menos do que o orçamentado. Menos, muito menos, do que o PS estimava em Abril de 2015. Mas crescimento…

Pois, cresceu o Consumo Privado acima do Previsto…

E também cresceu o Consumo do Estado, quando se previa que diminuísse…

Não cresceu o Investimento (7,8%, estimado), de facto diminuiu 1%, ainda que tenha crescido 4% no último trimestre…

As Exportações cresceram pouco mais de metade do previsto, mas a “Balança com Exterior” manteve-se positiva…

  • Défice Público 2016: 2,1%

Coisa nunca vista, há mais de 40 anos!!!!!

O terceiro melhor excedente primário (sem juros) da Zona Euro e o melhor registo versus PIB, 2,5%.

  • Desemprego: 11,1% (taxa homóloga, em Janeiro de 2017, 10,2%)

Muito melhor do que o estimado. Uma das maiores descidas da Europa….ainda que  ligeiramente acima dos valores médios europeus.

  • Dívida Pública 2016: 130,5% do PIB (€241,1 mil milhões)

(€8 mil milhões juros anuais…nem a Educação custa tanto…! Um peso insustentável.)

  • Dívida das Empresas 2016: 143% do PIB (€264 mil milhões)
  • Dívida dos Famílias 2016: 77,6% do PIB (€143,3 mil milhões)

(a Poupança, em Portugal, é negativa!….)

A dívida aumentou, e muito. Só não aumentou a das Famílias (ah! e a das PMEs…!!!).

O contexto em síntese: Mais endivivados, Menos desempregados, Menos défice, Mais consumo, Menos Poupança...Economia a crescer! E assim se gerou o melhor índice de Confiança do consumidor dos últimos… 17 anos!!!! 

Tudo isto com a “Esquerda Geringonça” a governar, com direito a selfie (e beijinho?!) com o Presidente Marcelo.

(convenhamos, “isto” era impensável em 2015…é a Economia!….)

Isto está mesmo “dando certo”?

Pode dar… se a Confiança empurrar o Investimento; o Investimento empurrar o Crescimento (saudável); e o Crescimento gerar riqueza suficiente para o serviço da Dívida…e, como somos Pequenos (como País), convinha que os Grandes (e os Emergentes) também dessem um empurrão ou que, pelo menos, não estraguem “a festa”.

 

VN

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publicado às 19:56

P de...

08.12.15

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Pê de quê?

Pê de Políticos. Pê de Parlamento. Pê de País. Pê de Pessoas.

Pê para quê?

Para escrever sobre os Políticos, ocupação e palavra-designação que começa por Pê, tal como Paciência.

Paciência, paciência e grande, precisa-se, para ouvir em todo o lado os horrores ditos sobre os políticos.

Parece que todos os maus, todos os piores são políticos. Parece que todos os bons, todos os melhores não são políticos. Nem podem ser, caso sejam deixam de ser bons - é imediato.

Pê porquê?

Para falar do Parlamento, palavra-designação, onde se agrupam os Políticos, os tais, maus, que agrupados, não pode dar nada de bom! Assim se diz, mesmo que a matemática diga que "menos com menos dá mais".

Pê quê?

Pê de País, país que é Portugal, designação deste país que também começa por Pê.

Os Políticos do Parlamento são eleitos pelo País que vota, num acto estranho em que se elegem os maus, representantes, com os votos dos bons, representados . Pelo que se ouve, pelo que se diz.

Mais um Pê? Sim de Pessoas, que somos nós! Pessoas que também são os Políticos, os tais do Parlamento, que é uma amostra do País.

Pê? Sim, o Pê que rima com Bê, bê de Besta.

Besta: uma designação animalesca, que aplicada às pessoas, ajuda a questionar a razão pela qual, no comentário comum, as bestas são sempre os eleitos e nunca os eleitores?!

 

 

 

 

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publicado às 18:21

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Não há dinheiro.

Não é o fim, mas deve ser o princípio.

O princípio de tudo: de tudo que se quer, de tudo que se pode, de tudo que se deseja, de tudo que se promete, de tudo que se pensa.

O peso da dívida é imenso, limitativo.

Tanto faz virar para a esquerda reunida como para a direita coligada, temos a dívida que não deixa dúvida: condiciona, tira espaço...não há muito onde por a mão.

O fardo da dívida é pesado, público e privado, generalizado.

O futuro de Portugal, seja perto ou longe, pouco depende de quem governa, pela idiossincrasia da nossa economia (gera pouca riqueza, pequena e com défice de produção "per capita") e pela imensa dívida, espécie de poço da morte que obriga a um haja coração constante e desgastante.

Temos que ter uma ideia de futuro, uma estratégia para o país, que não pode passar por baixar a exigência e o rigor, e tem que passar do fracturante moderno e imediato, por ser tanto, o tanto que temos para pagar.

Não podemos cair no endividados-condenados-desnorteados-coitados; temos que sair do endividados, pelo foco no conhecimento, no trabalho, na inovação, com senso e personalizados.

O mundo está cada vez mais difícil de governar, de equilibrar. Tal como a vida. Portugal faz parte do mundo e da (nossa) vida...e está só um bocadinho pior!

Políticos maniqueístas, suportados em divisões exacerbadas e em pequenos grandes ódios, podem transformar este nosso pior, liderado pela dívida, na nossa tábua de salvação (sonho?) para um futuro melhor: não dependemos deles, dependemos de outros, dependemos de fora.

Nem os da esquerda serão a perdição, nem os da direita foram ou serão a salvação.

É a dívida que nos mata. É a dívida que temos que matar.

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publicado às 18:21

São vários os textos em que aqui elegemos a "demografia" como um dos mais sérios desafios que Portugal enfrenta, o qual, ao não ser ganho, pode colocar em risco a boa resposta a outros desafios e comprometer, irremediavelmente e por décadas, a recuperação da economia nacional e o desenvolvimentodo futuro do país.

Como não é um tema dado a imediatismos, torna-se complicado mantê-lo no topo da agenda política e, consequentemente, nas 1ªs páginas dos jornais.

Mesmo em Agosto, com o país "adormecido" e a banhos, importa ter a consciência desperta para este problema existe e é grave. Assim , aqui se partilha, que lá fora também já se deu conta do que se está a passar, como bem o demonstra o trabalho publicado no Financial Times.   

 

Tempestade Demográfica Perfeita 

img_300x400$2015_06_24_21_59_06_257327.jpgA elevada taxa de desemprego jovem e a precariedade do mercado de trabalho são factores críticos que levam os jovens casais a adiarem a decisão de terem filhos, diz o Financial Times num trabalho sobre a demografia em Portugal. 

"Uma fabricante de vestuário no centro do país começou a pagar aos seus trabalhadores um bónus por terem filhos. O ‘incentivo à natalidade’, de 505 euros, que corresponde ao salário mínimo mensal que a maioria dos 330 empregados dessa empresa recebe, é uma modesta resposta local ao que Pedro Passos Coelho descreve como o maior problema de Portugal: o rápido declínio da sua população". É assim que o Financial Times começa por abordar, num trabalho sobre a demografia em Portugal, os problemas com que o país se confronta neste plano.

A referida empresa de confecções chama-se Goucam (Gouveia & Campos), foi criada em 1978 e é hoje uma das maiores exportadoras do concelho de Viseu e também uma importante empregadora na região.

"Ninguém vai ter um filho por causa deste privilégio", comentou ao FT Ângela Castanheira, uma das administradoras do grupo. "No entanto, é um gesto incentivador que esperamos que se estenda a outras empresas e que leve o governo a confrontar um problema que está a ameaçar os nossos futuros", acrescentou.

A empresa atribui estes incentivos à natalidade desde Janeiro de 2015 e está também a devolver a sobretaxa de IRS aos seus trabalhadores. "Desde Janeiro deste ano, decidimos começar a realizar este incentivo [à natalidade] e apoiar com a atribuição de um salário mínimo [ao trabalhador], no mês do nascimento da criança", diz Ângela Castanheira.

Pegando neste exemplo, o jornal britânico sublinha que Portugal é o país da União Europeia mais duramente atingido por um problema demográfico que se estende a toda a Europa, numa altura em que a redução das taxas de fertilidade e o envelhecimento das populações coloca em risco o crescimento económico, bem como a atribuição de pensões e a prestação de serviços de saúde pública e cuidados na terceira idade.

"Esta crise que paira, descrita no editorial de um jornal como uma ‘tempestade demográfica perfeita’, resulta da conjugação da forte queda da taxa de natalidade em Portugal, da profunda recessão e da vaga de emigração que está a tornar o país, muito rapidamente, numa sociedade de famílias só com um filho", salienta o artigo do FT, aludindo a um editorial do jornal Público de 10 de Março de 2014.

"Os mais jovens estão a adiar cada vez mais a altura em que começam a constituir família porque é actualmente muito difícil encontrar um emprego estável – isto quando se consegue emprego – que lhes permita sair de casa dos pais e fixarem-se por conta própria", refere ao jornal britânico José Loff, um consultor estatístico com 37 anos e um filho de dois anos. O Financial Times lembra, neste trabalho assinado pelo seu correspondente em Lisboa, Peter Wise, que a taxa de fertilidade [número médio de crianças na população por cada mulher em idade fértil] em Portugal tem vindo a cair, tendo passado de 3 em 1970 para 1,21 em 2013. "Trata-se do nível mais baixo na Europa e, no universo dos 34 países membros da OCDE, apenas a Coreia do Sul tem uma taxa mais baixa", sublinha o jornal.

Se nada mudar, a projecção mais pessimista do Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta para que a população de Portugal caia de 10,5 milhões de pessoas para 6,3 milhões em 2060, ao passo que o número de pessoas com idade acima dos 65 anos por cada 100 pessoas com menos de 15 anos – o chamado índice de envelhecimento – disparará de 131 para 464, o mais alto da Europa, alerta o FT.

 

Fonte: Jornal de Negócios

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publicado às 11:49

desTAPe-se

17.05.15

Uma semana TAP. E a TAP, que está financeiramente desTAPada, TAPou quase tudo, quase todas as notícias... até as notícias dos bancos, até as notícias dos défices. 

TAP.jpg

Os bancos.

Em portugal temos mais um banco que, se desTAPado, pode ser um caso...."as semelhanças do processo - com o BES - são demasiadas para ser mera coincidência", diz o jornalista João Vieira Pereira do Expresso, ao referir-se ao Montepio.

Como bem escreve o referido jornalista este fim de semana no Expresso Economia: "A Lehman Brothers faliu. A banca irlandesa foi toda nacionalizada. Os gregos injectaram em dois anos 82 mil milhões nos seus bancos (contas de Varoufakis). E os Espanhóis gastaram 51 mil milhões.... . Mas em Portugal, dos 12 mil milhões facilitados pela troika só metade foi usada. Ou os nossos bancos eram muitos bons, assim tão bons como o BES, ou algo está bem escondido que ninguém consegue, ou quer, ver." Estará tudo bem TAPado? Há coragem para desTAPar?

O défice.

O défice são contas desTAPadas, mesmo que seja com tolerância de 3%. Na Europa quem primeiro saltou o défice dos 3% foi a Alemanha!!! A Inglaterra, onde Cameron acaba de conseguir maioria absoluta, o défice é de 5,2%. E, tal como a França, tem até 2017 para baixar até aos 3%. A Finlândia, que tanto criticou Portugal, não cumpre nem com défice nem com os limites da dívida. Portugal vai, em 2015, honradamente ficar abaixo dos 3%. Todo desTAPado, talvez mesmo sem a TAP, pobrezinho.

Sim, sem a TAP. Goste-se ou não, só um privado pode TAPar o buraco da TAP, gerir a TAP e manter a TAP no ar. A voar.

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publicado às 16:45

cronologia de três anos da troika

6 de Abril de 2011 foi o dia em que se soube que Portugal ia recorrer a um pedido de ajuda financeira. Foram 78 mil milhões de euros, num acordo assinado a 17 de Maio – cedeu-se o que restava de autonomia. Nos últimos três anos foram muitas as medidas anunciadas, alguns recuos e muita controvérsia. O Governo ia caindo (Passos segurou-se e segurou-o) e o Tribunal Constitucional passou a ter um relevo de destaque.

Portugal tinha mesmo que pedir ajuda. Não havia dinheiro, para (quase) nada. Não havia alternativa. Podia ter sido de forma diferente, sim. Podia ter sido noutro momento, sim. Mas tinha que ser. E foi.

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Nada ficou como dantes. Pouco ficou melhor do que antes. Muito mudou (até o “ddt” caiu), ainda que fique a sensação que se perdeu uma oportunidade de ouro para mudar a sério. Ficou muito por mudar e que tinha que ter mudado.

O memorando de entendimento, uma experiência, falhou! Somos menos, estamos mais pobres, vivemos com menos mas, como se previa, o país não acabou. Ainda há Portugal e até Euro! Sim, Euro! Até quando?

Confira:

  • a austeridade durou três anos em vez de um
  • a recessão que era para ser de 4% chegou aos 8%
  • o ajustamento foi ao contrário, pela lado da receita (2/3)
  • 23 mil milhões de “cortes” só “cortaram” o défice em 9 mil milhões
  • a reforma do estado, não foi apenas, mas foi muito, cortar e despedir
  • o desemprego que não devia ter passado os 13%, passou os 17%
  • cortes drásticos e rápidos do crédito bancário fizeram colapsar milhares de empresas
  • mais de 300 mil pessoas foram embora, jovens e formadas
  • os bancos, quase todos, tiveram que ser ajudados para sobreviver
  • a recuperação fez-se pelas exportações e pelo consumo, minguou o investimento
  • Portugal regressou aos mercados. Teria regressado sem a “mãozinha” do BCE?
  • a dívida aumentou, muito…nunca foi tão grande…e é, continua a ser, lixo!
  • o perfil da economia não mudou, só encolheu
  • venderam-se grandes empresas, perderam-se competências e centros de decisão
  • menos cultura, menos investigação, menos conhecimento

Agora precisamos de Crescimento. Temos que Crescer.

É um desejo. Como e quando ninguém sabe.

E até 2035 estamos sob vigilância.

 

Em baixo, os momentos mais marcantes de Abril de 2011 a Maio de 2014 (fonte J. Negócios):

6 de Abril de 2011 - José Sócrates anuncia que Portugal vai pedir assistência financeira externa, depois de, durante a tarde, Teixeira dos Santos ter revelado, ao Negócios, que o país ia recorrer a apoio internacional.

3 de Maio de 2011 - Quase um mês depois de ter revelado ao país que Portugal ia pedir ajuda externa, José Sócrates, ao lado do silencioso ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, comunica ao País o acordo com a troika. O pacote financeiro foi fixado em 78 mil milhões de euros.

16 de Maio de 2011 - Eurogrupo aprova o programa de assistência financeira a Portugal. Teixeira dos Santos ainda era o ministro das Finanças, Jean-Claude Trichet o presidente do BCE e Olli Rehn comissário europeu para os Assuntos Económicos.

30 de Junho de 2011 - Passos Coelho anuncia, no Parlamento, a sobretaxa de IRS que vai incidir sobre o subsídio de Natal. O IVA do gás e da electricidade também sobe de 6% para 23% ainda em Setembro.

12 de Agosto de 2011 - Nas primeiras avaliações ao programa de ajustamento a troika fazia conferências. A primeira avaliação começou em Julho desse ano com Rasmus Rüffer, do Banco Central Europeu Juergen Kroeger, pela Comissão Europeia, e Poul Thomsen, pelo FMI.

13 de Outubro de 2011 - Perto do Orçamento do Estado para 2012, Passos Coelho faz outra comunicação solene ao País: os funcionários públicos iriam ficar sem subsídios durante 2012 e 2013. "Não preciso de vos dizer que vivemos momentos da maior gravidade". Foi assim que Passos Coelho começou a sua comunicação.

17 de Outubro de 2011 - Vítor Gaspar apresenta o primeiro Orçamento do Estado da "era" da troika. IRS de juros, mais-valias e dividendos passam a pagar 25%. Escalões do IVA são revistos. Eliminação de taxas especiais no IRC. IMI aumenta taxas e valor patrimonial.

5 de Julho de 2012 - Primeiro chumbo do Constitucional. O PS (Isabel Moreira e Vitalino Canas) apresentou, em Janeiro, o pedido de fiscalização da suspensão do pagamento dos subsídios aos pensionistas e funcionários públicos. O corte dos subsídios é inconstitucional, mas a medida poderá ser aplicada em 2012. Em 2013 Governo tentou implementar uma medida semelhante que foi vetada pelos juízes.

7 de Setembro de 2012 - Passos Coelho anuncia ao país um aumento da taxa social única (TSU) de 11% para 18%, uma medida que gerou muita polémica e que acabou por não sair do papel.

15 de Setembro de 2012 - O anúncio de subida da TSU provocou uma onda de protestos e deu origem a uma manifestação espontânea, não tendo sido convocada por qualquer sindicato ou força política, que encheu as ruas de muitas cidades no país.

3 de Outubro de 2012- Um "enorme aumento de impostos", foi assim que Vítor Gaspar apresentou o Orçamento do Estado para 2013. O número de escalões de IRS encolheu, as taxas aumentaram, as deduções à colecta continuaram a ser cortadas e a sobretaxa de IRS foi repescada.

23 de Janeiro de 2013 - Portugal vai ao mercado com bengala. Faz a primeira emissão de longo prazo (cinco anos) de dívida pública, desde o início do programa de ajustamento, mas com recurso a sindicato bancário. A operação foi apresentada por Maria Luís Albuquerque, ainda secretária de Estado do Tesouro

15 de Março de 2013 - 7ª avaliação da troika, a mais difícil. Foram três meses e meio de negociações, um período bastante mais prolongado do que o normal e que provocou inclusivamente o adiamento da oitava avaliação.

12/4/2013 - Eurogrupo dá mais tempo a Portugal e à Irlanda para reembolsarem os empréstimos concedidos no âmbito dos programas de resgate. Mais sete anos foi o tempo conquistado pelos dois países.

3 de Maio de 2013 - Passos Coelho faz uma comunicação ao País com novas medidas de austeridade, entre as quais a convergência das pensões da Caixa Geral de Aposentações com as da Segurança Social.

1 de Julho de 2013 - Vítor Gaspar apresenta a demissão. Maria Luís Albuquerque substitui-o e toma posse no dia seguinte. A tomada de posse decorre com Paulo Portas demissionário.

6 de Julho - Paulo Portas apresentou a demissão “irrevogável” no dia 2 de Julho, não aceite por Passos Coelho. Os dois partidos fizeram uma série de reuniões para tentar um acordo que mantivesse o Governo. Passos Coelho e Paulo Portas comunicam no dia 6 o acordo. Paulo Portas torna-se vice-primeiro-ministro.

10 de Julho de 2013 - Depois de sanada a crise política, Cavaco Silva ouviu partidos e parceiros sociais e comunicou ao País a sua solução a 10 de Julho: quer um acordo de "salvação nacional", que inclua o PS. E abre a porta a eleições antecipadas. O que acabou por não acontecer.

29 de Agosto de 2013 - Tribunal Constitucional trava despedimentos na Função Pública, bem como o novo regime de "requalificação". O facto de o diploma prever o envio para a mobilidade especial no caso de cortes orçamentais no serviço também é considerado inconstitucional, por violação da garantia da segurança no emprego.

14 de Outubro de 2013 - Paulo Nuncio anuncia em conferência de imprensa a descida do IRC

23 de Abril de 2014 - Foi o teste derradeiro. Portugal emitiu obrigações, na primeira emissão de dívida a 10 anos não sindicada. A procura foi 3,5 vezes superior à oferta e a taxa ficou nos 3,592%, a mais baixa desde 2005.

4 de Maio de 2014 - "É a escolha certa na altura certa", afirmou o primeiro-ministro na declaração ao país em que revelou que Portugal ia sair do programa de ajustamento sem qualquer tipo de apoio. Dia 17 de Maio marca o fim do programa.

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publicado às 19:11

silva-lopes.jpgA tribo dos economistas está em lágrimas. Morreu, aos 82 anos, José da Silva Lopes, o economista mais íntegro e mais dedicado à causa pública. Era também dos mais clarividentes. Tinha um espírito independente e era iconoclasta em relação às verdades adquiridas. Tinha uma base de conhecimentos enciclopédica e convicções profundas mas não certezas absolutas. Era humilde, de uma enorme humildade, mas também era duro como granito nas suas análises. Dizia que o Governo aldrabava (assim mesmo) os números e a troika também. Mas também admitia que a corrupção era menor no tempo de Salazar.

Não embarcava no entusiasmo da globalização sem freios e era um feroz opositor dos paraísos fiscais. Mas também dizia que para sairmos da crise tínhamos de cortar salários e as pensões mais elevadas. Não se curvava perante a Alemanha, a quem acusava de ser a responsável pelo baixo crescimento na Europa e por ter obrigado os países sob ajustamento a apertar mais o cinto do que seria necessário. Não poupava o BCE, que fazia menos do que devia. Mas era lúcido perante as nossas responsabilidades na crise, das Parcerias Público-Privadas aos grupos de interesses que capturam o Orçamento do Estado.

Silva Lopes foi ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal nos anos de brasa de 74 e 75. Negociou com o FMI dois programas de ajustamento e negociou a nossa adesão à CEE. Foi dos que se manifestou contra a nossa adesão à moeda única e a taxa de câmbio com que entrámos. Mas agora não via como solução para os nossos problemas a saída do euro.

Foi um crente nas virtudes do Estado e do seu papel na economia. Apoiou as nacionalizações do 11 de março de 1975. Hoje reconhecia que também o Estado falhava em muitas áreas. Mas isso nunca o levou a pensar que os mercados, deixados à solta, conseguissem obter melhores resultados económicos e sociais. Deixou de ser pelo Estado acima de tudo. Mas nunca se tornou um fundamentalista do mercado.

Era incorrupto e incorruptível. Era de uma integridade à prova de bala. O que era do Estado era para estar ao serviço do Estado. Um dia, o seu motorista deu uma boleia à sua mulher quando ele era ministro das Finanças. Silva Lopes zangou-se e proibiu terminantemente os dois de que tal voltasse a acontecer. Dava também sucessivas provas de simplicidade e humildade. Não se escusava a explicar aos jornalistas aspetos mais complexos da situação económica.

Tinha um enorme sentido de humor e também sabia ser mordaz. Um dia, quando João Salgueiro era ministro das Finanças, disse-lhe que em três anos tinha acumulado mais dívida externa do que desde o tempo de D. Afonso Henriques. E contava com prazer a história da noite em que, às duas da manhã, telefonou aflito para o então primeiro-ministro, Mário Soares, a dizer-lhe que país só tinha reservas cambiais para dois dias. Soares, bem à sua maneira, respondeu-lhe: "Ó homem, são duas da manhã! Deixe-me dormir! Amanhã logo se vê o que podemos fazer". E desligou-lhe o telefone.

Com a morte de Silva Lopes, desaparece um dos mais brilhantes economistas portugueses mas também um dos mais dedicados servidores da causa pública e da Res Publica. Com ele não havia consultores..! Com ele cada cêntimo público gasto era severamente escrutinado e tinha de ser justificado sem qualquer ambiguidade. Com ele havia respeito pelos funcionários públicos e pela máquina do Estado. Com ele, essa máquina estava ao serviço do país e dos cidadãos e não dos governos.

Se há pessoa para quem o país tem uma enorme dívida de gratidão é para com José da Silva Lopes. 

Obrigado pelo exemplo, pela coragem e pela coerência.

Obrigado pela sabedoria, pela discrição, pela afabilidade.

Obrigado pela dedicação, respeito e hombridade com que serviu o Estado e os cidadãos.

Obrigado, dr. Silva Lopes.

 

(texto "ajustado" de autoria de Nicolau Santos, publicado hoje no Expresso Online)

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publicado às 12:17

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Manoel de Oliveira. Um génio com caracter que nunca foi vulgar, que deixou uma obra invulgar, que sempre tinha projectos para o futuro e contrariou a chegada do fim com uma longevidade, também, invulgar.  

Durante a sua carreira como cineasta, Manoel de Oliveira filmou 32 longas-metragens. Até à sua morte, ocorrida esta quinta-feira, dia 2 de Abril de 2015, era considerado o realizador mais velho do mundo em actividade. Com a ajuda do Jornal de Negócios, destacam-se aqui cinco filmes que marcaram a sua carreira. Do primordial Aniki Bóbó ao polémico Sapato de Cetim. Ver "link".

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/cultura/detalhe/cinco_filmes_marcantes_de_manoel_de_oliveira.html

 

Ver "link" com outro post em ca$h resto z€ro dedicado a Manoel Oliveira.

http://cashrestozero.blogs.sapo.pt/2014/12/11/

 

Portugal (dois dias) e o Porto (três dias) fazem luto.

- Filmou até ao fim, Mestre. Um até sempre sem fim, Mestre.

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publicado às 17:28

 3 minutos. 3 minutos de um outro olhar sobre Portugal com assinatura de Daniel Pinheiro. Para ver e rever. 

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publicado às 21:27


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