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Em Portugal são muitas as faltas. Não temos falta de faltas.

Entre tantas faltas, há uma sobre a qual não falta quem enuncie ou proteste a sua falta: dinheiro.

Não importa agora o que, ou quem, gerou tal falta.

É indiscutível. Em Portugal falta dinheiro! É, hoje por hoje, a falta-mor do estado, das empresas, das famílias.

Estamos em campanha eleitoral e, estranhamente, não há quem fale da falta que temos...de dinheiro.

Dois debates, um na tv outro na rádio, dois candidatos a primeiro-ministro, e a palavrinha mágica do nosso buraco negro, dinheiro, foi sempre esquecida, foi sempre escondida. No debate da tv, nem por uma vez se mencionou "dinheiro", ainda que muito se tenha falado de Sócrates, de troika, de segurança social....e até os comentadores se esquecem que o que nos falta é... dinheiro! - com excepção honrosa ao catedrático da opinião Vasco Pulido Valente.

Costa não fala de dinheiro. Passos não fala de dinheiro. E os outros também não.

A lenga-lenga é a costumeira:

- Mais saúde! (E há dinheiro?)

- Melhor educação! (Temos dinheiro?)

- Mais segurança social! (Com que dinheiro?)

- Mais emprego! (e o dinheiro?)

Há um vazio na campanha igual ao vazio de muitas vidas: dinheiro.

Ideais, promessas, esperanças, mudanças, isto é tudo muito bonito, mas...quando falta o dinheiro...?!

Portugal precisa de dinheiro e ninguém diz como o vamos ganhar, de onde vai chegar, como é que se faz.

O dinheiro é a verdade tatuada não nossa pele, e dói. E a dor não dá votos.

Domingo vamos votar. Não é preciso dinheiro. O voto é grátis.  

 

(publicado em radioboanova.com, 30 de Setembro 2015)   

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publicado às 14:19

 

Haja Saúde! E dinheiro.

 

Paulo Macedo é, na opinião de muitos, o ministro com melhor desempenho deste governo.

A sua missão é tratar da saúde ao ministério da saúde, que manifesta, faz tempo, sintomas permanentes de descalabro financeiro.

Falta dinheiro, corta-se.

Corta-se tudo e em tudo. Medicamentos, enfermeiros, médicos, centros de saúde, tudo.

Melhora a saúde das contas, piora a saúde das pessoas.

A saúde já teve melhores dias. Agora espera melhores dias.

Sim espera, espera muito, muito e a saúde quando espera, desespera e...morre!

Empobrecer e recuar no tempo é isto: esperar e morrer à porta da urgência.

Indigna a injustiça. Solta-se uma espuma de raiva quando se olha à volta.

É a vida.  

Não se revolte, pela sua saúde!

Para ter saúde é preciso ter dinheiro, e o estado português não tem dinheiro e não pode continuar a gastar o que não tem.

E o futuro, como será?

Haja saúde. E veremos.

 

publicado, em 14 Jan. 2015, na Rádio Boa Nova (www.radioboanova.com)

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publicado às 00:00

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Por estes dias, a palavra Independência parece uma coisa distante, vaga e até fora de tempo.

Percebe-se.

Se Portugal fosse Independente, do lado das finanças, não tinha governo. Nem conserto. 

Um país, para ser Independente, precisa de ter dinheiro. E Portugal não tem.

Hoje, pela 1ª vez, não foi feriado!

Percebe-se.

1 de Dezembro de 1640: a restauração da Independência. A última, caducou.

Falta a nova data da nova restauração da Independência.

E se um dia for dia, a partir desse dia, esse dia, deve passar a ser feriado.

 

 

 

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publicado às 22:38

Durante o fim de semana deu-se o milagre.

Domingo à noite, pertinho das 23h, sim, já eram quase 11 da noite!!!

Um Senhor, Carlos Costa, de cabelos brancos, com ar de cansado, voz tropeçante, deu a conhecer o banco bom (NOVO BANCO), o banco mau (BES) e até o vilão (quem?).

Assim, num instantinho!

 

Um banco novo;

Um presidente, Vitor Bento, que era presidente do banco que agora é nome do banco mau e que agora é presidente do banco bom;

E dinheiro. Dinheiro de um fundo, detido por todos os bancos nacionais, que resolve e se chama Resolução, como não podia deixar de ser, e dinheiro, muito dinheiro, da linha da Troika, que "só" vai custar 2,95%.... 

 

O Banco de Portugal partiu o BES em dois.

De um lado ficou um banco com os activos de qualidade e que terá um imaginativo (e transitório?) nome de NOVO BANCO. O outro banco será um "bad bank" que vai agregar todos os activos tóxicos do antigo BES, tais como os créditos concedidos às holdings da família Espírito Santo.

É uma solução engenhosa porque protege os clientes e depositantes do banco e porque separa o risco soberano do risco bancário. Mas é uma solução injustamente dolorosa porque aplica o mesmo castigo (perda total de património) à família, aos grandes e aos pequenos accionistas, muitos deles pequenos aforradores, clientes ou trabalhadores do banco. Ser pequeno accionista em Portugal é....

Na banca Tudo É Possível.

 

A solução, apesar de tudo, parece a menos má e o BES era tão grande que tinha que ter solução.

 

7 questões, 7 e qualquer coisa, para o tempo responder:

  • como se justifica que ninguém do governo tenha dito uma palavra e tenha sido o Banco de Portugal a anunciar um empréstimo feito pelo Estado? E o anúncio tinha que ser como foi, tipo América Latina e de fazer inveja a Chávez?
  • se tudo indica que há fraude, até Carlos Costa o "disse", como é que ainda ninguém foi detido?
  • os bancos que se responsabilizam pelo empréstimo da troika ao Fundo de Resolução não exigem uma garantia do Estado?
  • os credores que foram exilados no “banco mau”, mas que fizeram operações com o BES, vão aceitar agora perder o seu dinheiro sem levarem a tribunal o Estado ou o NOVO BANCO? E os pequenos accionistas?
  • o estado vai emprestar dinheiro a um Fundo que não tem recursos próprios e não tem uma palavra a dizer sobre a condução e estratégia das operações financeiras?
  • alguém acredita que tudo fica na mesma e que não vai haver despedimentos?
  • e se ninguém comprar o NOVO BANCO, quem vai pagar a conta?

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publicado às 22:02

A Escola

10.04.14

Ser Escola é coisa complicada, hoje.

Tão complicada que o melhor é falar da Escola de forma simples, sem simplismos.

Não importa se a Escola é pública ou privada, o que importa é ser Escola.

A Escola para ser Escola precisa de alunos. Faltam alunos.

A Escola para ser Escola precisa de dinheiro. Falta dinheiro.

A Escola para ser Escola precisa de professores. Sobram professores.

A Escola para ser Escola precisa do tempo dos pais. Os pais não têm tempo.

À volta da Escola tudo parece desequilibrado. Falta a quem ensinar, sobram os que ensinam, o dinheiro é a falta de sempre, e os pais-sem-tempo são, por estes tempos, quase sempre excessivos, nos prós, nos contras, e no resto.

À volta da Escola todos exigem. Os alunos querem uma Escola fácil, os professores querem que haja Escola para eles e os pais querem que a Escola faça deles. A Escola tem que ser tudo, ter tudo, para todos.   

E num puzzle assim ainda falta acrescentar as tentações!

O despertar do mundo aos olhos dos miúdos de hoje é acelerado, de fácil acesso, com «look» fantástico, e parece que dispensa o adquirir saber: está tudo à distância de um «click», num qualquer objecto pouco maior que uma caixa de fósforos das antigas. As ferramentas são um espanto, a facilidade de chegar a tudo é incrível, mas a incapacidade para gerir tanta velocidade e a impreparação para viver neste mundo novo, pode ser um calvário maior que a subida do Monte das Oliveiras. A sensação de não ser preciso estudar é uma tentação.

Como ser Escola num presente assim?

E o passaporte? Sim, a Escola antigamente era um passaporte para uma vida boa, para uma vida melhor. Bastava ser bom na Escola e estava (quase) tudo conseguido. O ser bom na Escola hoje, em Portugal, também é passaporte…para emigração, ou pior, para o desemprego! Num cenário com este desenho, como motivar o ir para Escola, aprender, ensinar, formar? A sociedade, que tanto pede à Escola, parece afastar-se da obrigação de premiar quem melhor faz na Escola!

A Escola, hoje, é do aluno. O aluno é agora o rei da sala de aula. Foi-se do oito para o oitenta e este novo rei da sala é demasiado novo e impreparado para tanta mordomia. Deslumbrado, o aluno-rei, faz gala de abusos, de indisciplina, de provocações…que até assustam. E os pais do aluno-rei quase sempre ajudam pouco…a Escola.

Por fim, a Escola caiu na trincheira estreita do certo e do errado. Tudo mudou, todos estamos a mudar e a mudança é grande e profunda! Por exemplo: não é fácil ao professor explicar a estrutura de uma família - que era uma coisa de sempre ainda ontem-  quando da sala de aula espreita o portão da Escola e vê chegar o aluno com dois pais e sem mãe ou com duas mães e sem pai!

A Escola exige que se estude a Escola. A que temos, a que precisamos de ter, a queremos ter, a que podemos ter.

E depois falamos de agrupamentos.

 

(publicado no jornal Folha do Centro em 10 de Abril de 2014)

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publicado às 23:23

A crise é como as guerras ou como os terramotos. Quando acontecem destroem tudo, arrastam tudo, mudam tudo.

E mesmo depois de terem terminado, não acabam. Um rasto de destruição, de devastação, de frustração, vai consumir anos a limpar, a recuperar, a reconstruir. Há vidas que foram consumidas, que se consomem, que se perdem.

Sim, se for verdade que o pior da crise já terá sido, é bom ter presente que não acabou. Perderam-se milhares de empregos, milhares de empresas, muitas vidas arruinadas, muitos sonhos desfeitos e recuperar de um tsunami assim vai demorar anos. Tal como nas guerras, tal como nos terramotos, as feridas demoram a sarar.

A crise é a vida vestida de crueldade.

Tanto sofrimento para (quase) nada.

Pois é. A crise mudou pouca coisa, ou nenhuma.

O capitalismo não foi derrotado nem reformado, foi reforçado. E tudo continua a girar à volta do dinheiro. Muito dinheiro. Só dinheiro.

Nas crises o azar é estar no meio. Nas crises safam-se os das pontas:

 

- Os pobres estão na mesma, quer pelo hábito de viver com pouco ou sem nada, quer pela tranquilidade de quem nada tem nada perde. É assim, não vale a pena fingir que não é.

 

- Rejubilam os ricos, que são mais e mais ricos. Nunca existiram tantos ricos tão ricos como agora. Alguns, poucos, ainda lhes dá para a filantropia; outros, a maioria, inventa formas de gastar dinheiro: nas obras de arte, na moda, no conforto do luxo, no imobiliário, nas extravagâncias que vão desde as drogas, experiências radicais, até ao sexo.

 

O pior da crise está guardado para os que sobrevivem medianamente, enfim, remediados e já com qualquer coisinha. Qualquer coisinha poupada, qualquer coisinha construída e ganham qualquer coisinha de jeito.

E há qualquer coisinha de sádico nas crises! São estes apóstolos da vidinha honesta que pagam a conta grande da crise.

Há paragens onde os ricos viram as suas receitas aumentarem quase 1000% em vinte anos e a diferença de rendimentos destes para os outros, passou de vinte para duzentas ou trezentas vezes mais em 50 anos.

Há paragens onde milhões continuam a ter para viver 1 euro por dia. Ou menos.

Nada deteve esta espiral de diferenças, nem crises, nem guerras, nem terramotos.

O desequilíbrio aprofundou-se. A maioria vive com pouco, muitos perderam muito, poucos, que são agora ligeiramente mais, nunca viveram com tanto.

O número de multimilionários em Portugal -- com fortunas superiores a 25 milhões de euros -- aumentou 10,8% para 870 pessoas no último ano, apesar da crise que se vive no país, segundo um relatório do banco suíço UBS. O valor da fortuna aumentou 11,1%.

Resta a consolação de constatar que é verdade o que sempre nos foi dito como sendo verdadeiro: os ricos não pagam a crise.

 

(publicado no jornal Folha do Centro, segunda-feira, 18 de Novembro de 2013)

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publicado às 22:58

Olá,

 

A tua carta é mesmo tua. Tu ás vezes és bruto.

O MEC e tu têm razão: “O Amor é (mesmo) fodido”.

Só o amor pode justificar tudo o que aturo. A todos.

Sim, estou velha.

E quem foi que não quis ter mais filhos, fui eu?

Querias sexo, festa! Responsabilidades e consequências? Não, nada.

Sim, estou falida.

Lembras-te com quem gastei o dinheiro? Lembras-te? Sim, o dinheiro que tinha e que não tinha… e tu…tudo bem!

Quando te dizia que estávamos a gastar dinheiro emprestado, encolhias os ombros, num gesto de como quem diz depois resolve-se.

Falavas que era preciso estradas, pontes e outras coisas que tais, para fomentar a proximidade, o desenvolvimento. O teu, o meu, o nosso.

Estou perdida. Ou estamos?

Sabes, nem sei quem manda em mim. Eu não sou. Mas também nem sei bem quem é, de onde são, o que querem.

Neste estado, sei lá o que é certo, sei lá o que é errado, quero lá saber. 

Há dias em que, tal como tu, também preciso de acreditar.

Afinal, o que tenho de melhor está intacto. Continuo a ser o sol, o mar e a montanha, onde um dia te vi sonhar.

Olha, sabes o que mais magoa? O que mais dói? É que já nem sei quem quero que me respeite, se devo suportar tudo ou não devo suportar nada, a todos ou só a alguns.

Oh pá, queres que eu pare para pensar? Não dá para pensar quando não há dinheiro.

Esquece as promessas, as injustiças, as ingratidões. Não tenho dinheiro, percebes?

No mundo de hoje, quando não se tem dinheiro, não se consegue pensar, não se pode falar, nada se pode fazer. Sem dinheiro, tudo é nada.

Pela minha saúde, juro-te, só consigo pensar em dinheiro. Penso no que me faz falta, meu querido!

Para mim serás sempre Meu. Também te amo.

Serei sempre a tua Pátria.

Mas se não podes fazer nada por mim, vai-te embora.

 

Sem mais,    

 

(publicado no jornal Folha do Centro, sexta-feira, 28 de Junho de 2013)

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publicado às 19:03


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