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Está tudo certo. Quase.
Não há nada de ilegal, de mal ou fatal na união das esquerdas.
Costa não é golpista, nem perigoso, tão só foi disruptivo, inovador e surpreendente... e tomou conta dos acontecimentos - aqui não se julgam carácteres.
É facto que a maioria parlamentar é de esquerda e é contra o governo da coligação de direita - e há outras coisas que os "pequenos" de esquerda também são contra, mas naquelas quintas há contras que são mais iguais do que outros.
E sendo assim o governo pode ser derrubado, cair.
E é bom para a democracia tudo se tornar claro: os de esquerda do lado esquerdo; os de direita do lado direito. De esquerda e de direita ao centro é contra-natura.
Está tudo certo. Quase.
E o Quase é o detalhe que permite e não invalida toda a estratégia de Costa, excepto governar, excepto ser primeiro-ministro.
O primeiro-ministro tem que ser do partido mais votado, não do partido "mais" derrotado.
E no derradeiro momento Cavaco pode rachar os acordos que sustentam o empurrão a Costa e ao PS para o poder, e não deixar.
Cavaco, sendo coerente com o que disse, não deve deixar Costa ser Primeiro sem primeiro ir a votos.
Até lá ficamos a Passos de gestão até às Portas das eleições.
E finalmente Cavaco é Presidente.
Já está. O Governo tomou posse.
E Portugal precisa de governo.
Para ter governo, o país precisa de Cometimento, de Confiança e de Capital ou, como aqui se gosta de dizer, de Cash.
São 3 C's que o Governo precisa de assegurar para o país ter governo... e a primeira condição para chegar a qualquer dos C's é ter Governo.
Curiosamente também somam 3 C's as iniciais de três dos protagonistas da política nacional:
Catarina,
Cavaco, e
Costa.
A seguir, 3 sms's para os 3 C's.
Catarina: a Menina vive o grande momento da sua vida política, mas não se convença que agora é sempre a subir. Olhe que não, vai ser a descer e até pode parecer-lhe que vai a subir.
Como actriz que foi, sabe o que é o palco. Não se chegue muito à frente, pode cair. E desempenhe apenas e só o Seu papel. Não se deslumbre.
Cavaco: o Senhor ou diz o que deve mas não faz o que devia; ou faz o que deve e diz mais do que devia; ou não disse nada nem fez nada que a gente se lembre. É falta de jeito. Pouca sorte, Sua e nossa. E que jeito que dava o Senhor ter jeito para Presidente. Pelo menos uma vez, desta vez(?).
Costa: o Senhor perdeu as eleições.
Portugal foi a votos. Portugal ficou pior do que estava.
Quem ganhou, não tem maioria para governar. (Passos como Sócrates quando perdeu a maioria... e Sócrates governou até ao dia que Passos deixou...)
Quem perdeu, pode somar votos para governar, a três, em maioria...com ideias que não somam.
Nada faz sentido.
Cavaco, o Presidente, quer um governo com todos, e assim acabar com a alternativa que é base da democracia.
Costa, o derrotado, parece querer(?) ser primeiro ministro, com o "seu" PS que perdeu em toda a linha - nem o PSD ultrapassou na AR - e com o apoio do BE e do PCP...que tanto mal lhe fizeram e dele disseram.
O PCP que não quer a Europa nem o Euro, mas quer o PS no governo!...e um ex-padre madeirense em Belém!!!
Nada faz sentido.
Portugal é um êxito para a política europeia mas um problema económico, com uma dívida pública de 2015 em 130% do PIB, com desemprego elevado, limites de défice ultrapassados, sem crescimento e a dever mais dinheiro ao estrangeiro do que em 2011. E pendurado no benefício do momento de juros baixos e petróleo a preço de saldo.
Nada faz sentido.
Quem ganha deve governar e a maioria só devia ser necessária para três ou quatros decisões de âmbito estrutural.
Assim faria sentido, mas não faz, porque não é assim que está escrito nos livros da lei.
Vamos ter que ir a votos outra vez. Mais cedo ou mais tarde. Que pena não poder ser já...
Portugal não se governa em minoria, e não pode ser governado pela maioria que perdeu.
Não faz sentido. Não é sério.
Portugal governa-se com quem ganha nas urnas: se somar uma maioria, melhor...e mesmo assim, sabe Deus!...
Em Portugal são muitas as faltas. Não temos falta de faltas.
Entre tantas faltas, há uma sobre a qual não falta quem enuncie ou proteste a sua falta: dinheiro.
Não importa agora o que, ou quem, gerou tal falta.
É indiscutível. Em Portugal falta dinheiro! É, hoje por hoje, a falta-mor do estado, das empresas, das famílias.
Estamos em campanha eleitoral e, estranhamente, não há quem fale da falta que temos...de dinheiro.
Dois debates, um na tv outro na rádio, dois candidatos a primeiro-ministro, e a palavrinha mágica do nosso buraco negro, dinheiro, foi sempre esquecida, foi sempre escondida. No debate da tv, nem por uma vez se mencionou "dinheiro", ainda que muito se tenha falado de Sócrates, de troika, de segurança social....e até os comentadores se esquecem que o que nos falta é... dinheiro! - com excepção honrosa ao catedrático da opinião Vasco Pulido Valente.
Costa não fala de dinheiro. Passos não fala de dinheiro. E os outros também não.
A lenga-lenga é a costumeira:
- Mais saúde! (E há dinheiro?)
- Melhor educação! (Temos dinheiro?)
- Mais segurança social! (Com que dinheiro?)
- Mais emprego! (e o dinheiro?)
Há um vazio na campanha igual ao vazio de muitas vidas: dinheiro.
Ideais, promessas, esperanças, mudanças, isto é tudo muito bonito, mas...quando falta o dinheiro...?!
Portugal precisa de dinheiro e ninguém diz como o vamos ganhar, de onde vai chegar, como é que se faz.
O dinheiro é a verdade tatuada não nossa pele, e dói. E a dor não dá votos.
Domingo vamos votar. Não é preciso dinheiro. O voto é grátis.
(publicado em radioboanova.com, 30 de Setembro 2015)
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