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Com a Serra sempre à vista, há um Interior de luta feito por gente que insiste, persiste e resiste. Uma das formas de luta é a Festa. A Festa é o grito de vida, de coragem, de orgulho. Importa dizer ao mundo que aqui há gente. Gente que sente.
Se há Festa, há comunicação social…nacional. Vindos do litoral, vindos da capital, chegam os da TV, da Rádio, da Revista e do Jornal, e partilham com o mundo o que aqui é costume, o que aqui é tradicional. Os produtos endógenos – “endógeno” deve ser a palavra da década dos autarcas nacionais – as profissões de outrora, o artesanato, a produção caseira, enfim, tudo muito rústico, tudo muito “zé povinho”, tudo muito “ai que giro”, tudo muito “ai que amor que é a vida aqui no Interior”.
Claro que de toda esta promoção mediática não é só isto, mas é muito disto o que fica, e mais disto fica quando se olha para a TV…dos “beijinhos para a Suiça”.
Não há nada que nos envergonhe no passado do Interior, antes pelo contrário. A tradição, o costume, as vestes de ontem, os produtos feitos com as mãos, o saber, são a alma do nosso património, o qual devemos desfrutar, divulgar e preservar.
Mas, aqui no Interior, ao invés do que possa eventualmente parecer, agarra-se o tempo, vive-se o presente…e o futuro.
Sim, aqui (ainda) há pastores! E WiFi…!! Sim, é possível andar no meio do pasto com as ovelhas a ver no telemóvel as caricaturas do Trump, sem que o cajado seja a antena.
No Interior também temos gente sofisticada, urbana, que trabalha o conhecimento Científico, que faz Educação, que pratica Desporto de elevado nível técnico, que produz Cultura, que cria música, que escreve livros, que se especializou em design, em comunicação, em imagem, que gere Empresas que vendem para todo o mundo e onde quase só se fala Inglês, que domina a Internet, que vive as redes sociais, que veste as calças rasgadas da moda, que viaja na Ryanair, que não se escandaliza com a palavra “gay” e que também discute a eutanásia.
No Interior não se confunde o ser moderno, atual e cidadão do mundo, com o gosto de ser daqui, deste local, destas raízes, desta montanha, deste ar.
E não há nada, mesmo nada, que nos impeça de gostar de Sushi… e de degustar uma boa colherada de Queijo Serra da Estrela e um copo de Tinto do Dão!
Vitor Neves
(publicado no jornal Folha do Centro, 8 de Março de 2017)
E, quase que de súbito, parece que os números começaram “a dar certo”, como se diz no Brasil.
- Será?
Vamos conferir:
Menos do que em 2015. Menos do que o orçamentado. Menos, muito menos, do que o PS estimava em Abril de 2015. Mas crescimento…
Pois, cresceu o Consumo Privado acima do Previsto…
E também cresceu o Consumo do Estado, quando se previa que diminuísse…
Não cresceu o Investimento (7,8%, estimado), de facto diminuiu 1%, ainda que tenha crescido 4% no último trimestre…
As Exportações cresceram pouco mais de metade do previsto, mas a “Balança com Exterior” manteve-se positiva…
Coisa nunca vista, há mais de 40 anos!!!!!
O terceiro melhor excedente primário (sem juros) da Zona Euro e o melhor registo versus PIB, 2,5%.
Muito melhor do que o estimado. Uma das maiores descidas da Europa….ainda que ligeiramente acima dos valores médios europeus.
(€8 mil milhões juros anuais…nem a Educação custa tanto…! Um peso insustentável.)
(a Poupança, em Portugal, é negativa!….)
A dívida aumentou, e muito. Só não aumentou a das Famílias (ah! e a das PMEs…!!!).
O contexto em síntese: Mais endivivados, Menos desempregados, Menos défice, Mais consumo, Menos Poupança...Economia a crescer! E assim se gerou o melhor índice de Confiança do consumidor dos últimos… 17 anos!!!!
Tudo isto com a “Esquerda Geringonça” a governar, com direito a selfie (e beijinho?!) com o Presidente Marcelo.
(convenhamos, “isto” era impensável em 2015…é a Economia!….)
Isto está mesmo “dando certo”?
Pode dar… se a Confiança empurrar o Investimento; o Investimento empurrar o Crescimento (saudável); e o Crescimento gerar riqueza suficiente para o serviço da Dívida…e, como somos Pequenos (como País), convinha que os Grandes (e os Emergentes) também dessem um empurrão ou que, pelo menos, não estraguem “a festa”.
VN
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