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O mal é nacional. O país é pequeno a reconhecer os seus que aqui são grandes. Só quando o reconhecimento dos seus é internacional, isto é, chega lá de fora, é que o nacional se curva ao talento, ao feito…dos seus! Este após é quase sempre pouco entusiástico, nada de exageros, que Portugal tem mau feitio com o sucesso: tanto o deseja como o inveja.

No interior, este mal nacional, é tão habitual que se tornou banal.

O interior precisa de gente. Precisa de gente de qualidade. Quando a gente que gosta do interior, que está no interior e ou que faz acontecer no interior, tem qualidade, faz sucesso e se distingue, o interior que é a sua pátria, não a reconhece, não a aplaude e, muitas vezes, desvaloriza-a.

Esta pequenez comportamental chega a ser cruel. Tantas são as vezes que se ouve o comentário assassino: se fosse assim tão bom, já cá não estava, já aqui não andava! – que é preciso ser mesmo superior para continuar a querer estar e fazer no interior.

O Zé do interior só deixa de ser “Zé” após sair do interior… e de vez em quando voltar ao interior, com bom carro, boa pinta e, com ar paternalista, for cumprimentando uns e outros, soltando narrativas mágicas tal como “aqui vive-se bem” e… vai-se embora! - Até qualquer dia, Senhor José.

Nada faz no interior, nada acrescenta ao interior, mas é uma estrela do interior: gente boa, com sucesso, lá em Lisboa. Se aparece na TV, nos jornais e se faz bem a sua auto promoção nas redes sociais, com ou sem fundamento que o que interessa é parecer e aparecer, então o interior sobe a admiração, de considerado para prestigiado.

Sim, é preciso ser mesmo superior para continuar a estar e fazer no interior…quando tal não seja com verdadeiro e mensurável benefício próprio. Ora, neste contexto, o risco é perder os melhores e ficar entregue a menos e piores.

O interior é cada vez mais a parte de Portugal com menos pessoas, com menos jovens, com menor geração de riqueza, com menos oportunidades. Parar e inverter este ir para o deserto, obriga o interior a ser superior no reconhecimento aos que nele investem, desenvolvem e fazem.

Se assim não for, não vai ser grande coisa o futuro do interior…  

 

(publicado no jornal Folha do Centro, 27 de Abril de 2016)

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