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"O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema das adquirir."

Adam Smith (A Riqueza das Nações)

 

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Uma guerra mundial - num presente, em que a sofisticação bélica é de tal ordem, que pode fazer com que não fique cá ninguém para contar como foi! - é um cenário que parece afastado, a não ser que o Ser humano perca o senso.

Há, no entanto, pelo menos três factores que podem matar o senso e fazer com que os humanos percam o juízo:

as energias;

as religiões;

e a água.

O que se passa com o preço do petróleo, é resultado de uma guerra entre Sauditas e Americanos, que pode acabar mal e gerar uma cascata de desesperados comportamentos de consequências imprevisíveis, sobre as quais se treme só ao fazer o exercício do "e Se?"!

Todos os dias chegam ao mercado, mais de 1,5 milhões de barris do que o mercado precisa - todos os dias!!!

O cenário é o que se conhece: o preço do petróleo em queda livre!

A queda foi ainda mais acentuada, pelo facto do Irão estar de volta ao mercado - enquanto o mundo falava dos nus tapados e do vinho que não podia estar sobre a mesa, Italianos e Franceses fechavam negócios de milhões - e ainda pela constatação que a China e a Índia estão em arrefecimento económico.

Até o petróleo do xisto Americano entrou em sobressalto, dado o custo de extracção não ser compatível com tão baixo preço de mercado - o barril do brent anda por estes dias pouco acima dos trinta dólares.

Há no entanto quem esteja em bem piores lençóis: Angola, Rússia, Venezuela, Brasil...

Enquanto os Sauditas gastam por mês mais de 5000 milhões de dólares das suas reservas, para não baixar a oferta e assim "matar o mercado", os concorrentes perdem vendas e dinheiro, muito dinheiro - nos países antes referidos a extracção custa entre 90 a 120 dólares o barril.

O actual preço do petróleo coloca seriamente em causa a riqueza de muitas nações. E estima-se que, após a situação se inverter, o preço não irá além de 60 dólares o barril.

De repente o "BRIC" ( Brasil, Rússia, Índia e China), que ainda há pouco era a alavanca da economia mundial, partiu, e o "ouro negro" é agora mais negro do que ouro.

As crises, fazem uns acreditar na oportunidade de dominar e fazem outros desesperar, perante a fatalidade de serem dominados e...falidos.

A situação é explosiva, do ponto de vista económico, do ponto de vista político e, consequentemente, do ponto de vista social.

Estamos perante mais uma ironia daquelas em que o azar é fértil: o "desejado" preço baixo do petróleo tornou o mundo um local ainda mais perigoso.

É uma evidência que não se resolve rezando. O crude e o credo não são próximos.

Tudo vai depender de equilibrios geoestratégicos, da evolução da economia , da negociação política e de...sorte, sim sorte, é bem precisa, dá sempre jeito - é sempre uma sorte, quando aqueles que chegam ao poder da decisão, não perdem a mão... do juízo!

Hoje o preço do petróleo é tão baixo quanto é grande o susto.

Ainda assim, que seja só esse o preço a pagar, o do susto.

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publicado às 21:55

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Falta pouco. Vem aí a festa do ano de cada ano: a festa do queijo.

Vai ser em grande, até o padrinho: “o gordo” Fernando Mendes! Rádio e TV para o país (e o mundo) ouvir e ver o queijo e os produtos à volta, cercados pela multidão.

Vai ser bom, se cada um da multidão se sentir bem! Pode correr mal, se algum da multidão se sentir mal. Haverá médico para lhe tratar da saúde em Oliveira… do Hospital? – chega a ser provocador ver a ironia instalada no nome.

Alexandrino deve andar num desatino.

O homem colocou Oliveira do Hospital na rota dos media nacionais, promove eventos para promover o que o concelho tem e faz, paga as contas a tempo e horas, levanta a voz no partido e na rua, ganha prémios de reconhecimento de qualidade de vida, mas o governo central não lhe dá descanso, nem saúde!

Alexandrino, o Presidente, deve andar que nem se sente, como dizia antigamente a gente.

A escola local é notícia nacional…por ter amianto!

A estrada, ai a estrada, estamos à beira da festa e a estrada da beira é a mesma e está na mesma.

Faltam médicos e os médicos faltam ao serviço de receitas, agora em risco de ser intermitente…até para os genéricos!

E só os poderes genéricos da lei ficaram no Tribunal da Justiça.  

Uma injustiça. Para Ele, para Nós, para todos.

Isto começa a ser demais e começa a ser difícil perceber o que se pode fazer mais, para contrariar o desgoverno central e total com Oliveira do Hospital.

E eu e você o que é que temos que fazer?

Talvez comer… um bom queijo!

Talvez beber…um bom Dão!

A festa de que todo o mundo vai saber, é uma oportunidade para mostrar que somos gente com boa escola, atravessamos as dificuldades não importa a estrada e ainda temos saúde para reivindicar o que é justo…ter.

Caramba, há gente que é gente, gente boa e gente de bem, que gosta de ser e de viver em Oliveira do Hospital. E este gosto não pode ser azar, nem um mal.

 

(publicado no jornal Folha do Centro, 21 de Janeiro de 2016)

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publicado às 22:31

35 horas

17.01.16

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O regresso às 35 horas na Função Pública é um manifesto de que o irrealismo, o facilitismo e o corporativismo permanecem por aí. (hoje estava planeado escrever sobre "as 35h", mas ao ler esta frase, logo percebemos que alguém tinha tido a mesma ideia...o jornalista Manuel Carvalho, Público)

Foi você que pediu as 35 horas? 

"Portugal, terceira semana de 2016. A Unidade Técnica de Apoio Orçamental garante que a estratégia anunciada pelo Governo vai fazer crescer a dívida em 11 mil milhões de euros até 2019; o défice subirá para acima dos 4% à custa do Banif e Mário Centeno deixa subentender que a Comissão Europeia vai impedir a saída do país do procedimento por défices excessivos; o consumo privado cresce e só o baixíssimo preço do petróleo nos salva de um persistente desequilíbrio da balança externa; fontes da Comissão Europeia e o próprio Banco Central Europeu criticam o Governo por não ter implicado os titulares de obrigações sénior do Banif a pagar o resgate do banco, poupando aos contribuintes mil milhões de euros; um pouco por todo o lado (incluindo cá), vão-se revendo em baixa as perspectivas de crescimento e há até quem avise que 2016 pode ser um ano de recessão e deflação global. Perante este cenário, fica-se com a ideia de que toda a Gália está cercada pela crise. Toda? Não, há uma pequena aldeia gaulesa que resiste. A da Função Pública.

Pedro Passos Coelho era muitas vezes (e quase sempre justamente) acusado de promover uma guerra desnecessária e perigosa entre os trabalhadores do sector privado e os funcionários públicos. António Costa há-de ser muitas vezes (e quase sempre justamente) acusado de a manter ou até de a acirrar. Porque se nos anos de chumbo do ajustamento se deixou instalar a ideia inaceitável de que os funcionários públicos eram uma casta de privilegiados que se alimentava da seiva da nação que trabalha e produz, o regresso de algumas benesses decidido pelo novo Governo faz regressar a percepção de que vivem protegidos por um sistema de partidos que os salva da crise como pagamento de supostos favores eleitorais. Não, não se trata das devoluções dos salários cortados, nem do fim da lista da mobilidade, nem do eventual regresso dos privilégios da ADSE. O que coloca os funcionários públicos sob a desconfiança do país é o regresso das inenarráveis 35 horas de trabalho semanal.

Diz António Costa, e os registos confirmam-no, que o que está em causa é o cumprimento de uma promessa eleitoral. Acrescenta o diploma aprovado esta semana no Parlamento que se pretende apenas garantir direitos básicos da civilização, como o da estabilidade familiar. Nota a cada passo o primeiro-ministro ou o seu ministro das Finanças que tudo isto se fará sem que se gaste mais um cêntimo do Orçamento. Tudo bem, mas não é isso que está em causa e, principalmente, não é isso que interessa. O que interessa é saber as razões que levam o Governo a avançar já com esta medida, precisamente no momento em que os sinais de que os perigos de uma recessão, do agravamento do défice e do crescimento da dívida alastram. O que interessa é saber se faz sentido que haja uma classe profissional favorecida com o regresso de um privilégio injusto e absurdo quando se sabe que, para sobreviverem, muitas empresas exigem aos seus trabalhadores esforços e horas de trabalho que estão para lá da lei e da decência.

A CGTP, António Costa, Catarina Martins ou Jerónimo de Sousa hão-de ver na pressa do Governo um definitivo manifesto do sentir da esquerda que está no poder. Não notam que essa é a esquerda fossilizada das corporações. Não percebem que essa não é a esquerda que promove a igualdade ou que protege os mais fracos. Não sentem que essa não é a esquerda empenhada na justiça social. Por que razão há-de uma funcionária de uma repartição trabalhar menos que a balconista de uma empresa privada? Por que razão há-de um contínuo de uma escola trabalhar menos horas do que um operário têxtil? Por que carga de água há-de um jurista de um ministério passar menos horas com processos do que um jurista de um escritório privado? Caso não tenha o Governo notado, todos têm famílias. Mas nem todos têm as mesmas condições e, principalmente, a mesma protecção política. Fiscalizar e punir os que abusam da precariedade seria, sim, uma ideia de esquerda; colocar toda uma classe profissional acima das outras é claramente um privilégio que pouco tem a ver com os valores que o Governo e os seus parceiros reclamam.

E é por ter essa certeza em mente que António Costa tanto se esforça por garantir que o recuo do horário de trabalho para as 35 horas não vai ter impacte no Orçamento. Era o que faltava separar o mundo entre os que trabalham mais horas e os que trabalham menos e pôr todos a pagar por essa benesse. Mas como não há almoços grátis nem trabalho sem salário, poucos acreditam que o Governo seja capaz de organizar os serviços ou convencer todos os funcionários públicos a abdicar das remunerações a que têm direito ou a trabalhar a desoras. É por isso que, na proposta que entregou na Assembleia, o ministro das Finanças não tratou de esclarecer como pode haver redução de horários sem gastos suplementares nas horas extra. Com o tempo, sempre haverá maneira e oportunidade de esconder esses pagamentos numa qualquer alínea da conta geral do Estado.

Depois de prometer na campanha, António Costa faz bem em cumprir no Governo. Mas há um tempo político para tudo. Há prioridades a estabelecer. Há compassos de espera a fazer quando não se têm em mãos todos os dados do jogo para decidir. Há o dever de prudência quando se tomam decisões sensíveis. Sendo uma medida que faz regressar o fosso e as desconfianças entre servidores do Estado e trabalhadores do privado, que tem impacte num défice que está de volta ao patamar dos 4% e que acentua a ideia de que este Governo é o governo do Estado para o Estado, António Costa deveria ter esperado por uma melhor oportunidade. Não se sabe se não o fez por convicção ou por contingência. Sabe-se, isso sim, que o braço armado de um dos partidos que o apoiam no Parlamento, a CGTP, tratou de ir logo para a rua ameaçar com greve caso essa ideia lhe passasse pela cabeça.

O regresso às 35 horas na Função Pública (não se discute que algumas classes profissionais devem ser contemplados com este horário) é por isso um manifesto de que o irrealismo, o facilitismo e o corporativismo permanecem por aí – anda certamente na campanha eleitoral mais fútil e estúpida que há memória. Se há alguma certeza que podemos tirar destas semanas, é que o sentido de urgência a que nos habituámos se perdeu. Perdeu-se no discurso delico-doce da educação, perdeu-se na dádiva de um horário mais curto a uma parte dos portugueses, perdeu-se na sensação de que a fragilidade política do Governo permite o regresso ao paraíso perdido dos sindicatos, perdeu-se na relativização de que a dívida e o défice são números abstractos que se podem remeter para contas futuras. Não é caso para dizer que está tudo perdido. Mas o cepticismo que alastrou esta semana pelo espaço público é sinal de que começam aqui e ali a irromper sentimentos de frustração e de medo. Veremos se o Orçamento os consegue dissipar." 

 

Manuel Carvalho, Pùblico, 17 de Janeiro de 2016. 

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publicado às 16:17


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