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"A dívida de Portugal vai ser reestruturada. É tão simples quanto isso"
Jovens, outros menos, estudantes, professores, talvez alguns soixante-huitards, muitos curiosos, bastante gente que encheu o Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
A pop star improvável é economista, Thomas Piketty de seu nome, o francês que escreveu O Capital no Século XXI e que, nesse grosso calhamaço tornado êxito de vendas, abalou ideias feitas de que a economia assentava no pensamento único da austeridade a todo o custo.
Thomas Piketty retoma a tese de que Alemanha e França, ao falarem das dívidas dos países, deviam antes olhar para a sua história, antes de se atreverem a dar lições aos outros.
O economista olha para o horizonte político imediato, em Portugal, com a esperança de que a mudança na Europa passe também por cá - com menos austeridade.
Em 11 de Maio de 2014, o autor e o livro, estiveram em destaque no ca$h resto z€ro.
A seguir o post em reposição:
Thomas Piketty, é economista, é francês, leciona na Escola de Economia de Paris e teria provavelmente permanecido desconhecido fora dos meios académicos mais restritos não fosse o seu livro “Capital in Twenty-first Century” (Capital no Século XXI) se ter tornado em poucos dias num best-seller nos Estados Unidos, catapultando-o para a ribalta do sucesso mediático em todo o mundo (The Economist; The NY Times; FT; The Guardian; entre outros, consideram Piketty a rock star da economia).
Em 685 páginas que contam a história do capitalismo nos últimos 200 anos, com dados concretos e estatísticos, Thomas Piketty defende que este sistema económico cria um caminho só de ida em direção a desigualdades insustentáveis e à injustiça social, desmontando o mito de que esforço, trabalho, competência e criatividade chegam para enriquecer quem não nasceu rico.
Para este economista, o crescente aumento das desigualdades conduzirá o capitalismo ao seu próprio colapso, a menos que se faça alguma coisa para inverter esta tendência. A solução apontada é taxar duramente os mais ricos, propondo a aplicação de um imposto de 80% sobre os rendimentos acima dos 500 mil dólares anuais (nos EUA).
O livro já tinha sido publicado há um ano em França, mas não recebeu muita atenção. Nos Estados Unidos, com a polémica sobre as desigualdades na ordem o dia, a edição americana, publicada em março, tornou-se de imediato número um em vendas no site da Amazon (que já não faz entregas grátis para Portugal!).
Nascido em Clichy, perto de Paris, a 7 de maio de 1971, ainda no rescaldo dos motins de 1968 onde os pais tinham tomado parte ativa, cresceu com os modelos intelectuais em voga na época – historiadores e filósofos da esquerda francesa –, mas foi a matemática e a economia que escolheu para o seu percurso académico na École Normale Supérieure.
Aos 22 anos, doutorou-se com uma tese sobre a redistribuição de riqueza, que escreveu na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris e na Escola de Economia de Londres, e mudou-se para os Estados Unidos para ensinar no Massachussetts Institute of Technology (MIT), onde ficou três anos como professor assistente no departamento de Economia.
Desapontado com o trabalho dos economistas americanos, regressou a Paris, para ficar, ingressando no Centro Nacional de Pesquisa Científica, como pesquisador, e tornando-se, cinco anos mais tarde, diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e depois (2006) no primeiro diretor da Escola de Economia de Paris, que ajudou a criar. Um projeto que só interrompeu para apoiar, como assessor económico, a campanha presidencial de Ségolène Royal nas eleições de 2007, perdidas para Nicolas Sarkozy. Também apoiou François Hollande, mas este deixou cair as ideias de Piketty, agora o economista da moda.
Em 2002, então com 31 anos, ganhou o prémio para melhor jovem economista em França. Os problemas económicos do mundo, os meandros da renda e da riqueza, as desigualdades, com os rendimentos do capital a crescerem mais rapidamente do que os do trabalho, foram temas que nunca mais o abandonaram, tendo dedicado as duas últimas décadas a estudá-los, estendendo as suas pesquisas a outros países para além da França e dos Estados Unidos com a ajuda de outros pesquisadores, como Emmanuel Saez Isso.
Conheça, segundo o critério editorial de "Dinheiro Vivo", principais ideias-chave que o livro contém, não necessariamente pela ordem que se segue:
1- As desigualdades não são uma ocorrência passageira, mas uma característica do próprio capitalismo, e os excesso só poderão ser corrigidos com a intervenção do Estado.
2- Numa economia em que os rendimentos do capital crescem mais do que a economia, a riqueza herdada sempre crescerá mais rapidamente do que a conquistada pelo trabalho, criando níveis de desigualdade insustentáveis.
3- Se um cidadão não nascer rico, será muito difícil enriquecer só através do seu esforço, trabalho, competência e talento.
4- O período de meados do século XX em que houve um aumento da igualdade, na Europa e nos Estados Unidos após a segunda guerra mundial, deve-se a condições extraordinárias que não irão repetir-se.
5- A "meritocracia extrema" dos novos executivos com capacidades consideradas excepcionais levou a um desequilíbrio brutal dos salários. Nos anos 50, o salário de um executivo médio nos Estados Unidos era 20 vezes superior ao dos trabalhadores da empresa. Hoje está 200 vezes acima.
6- As desigualdades poderão no futuro atingir os mesmos níveis do século XIX, se não forem adotadas políticas suficientemente agressivas para contrariar essa tendência.
7- Em 2012, quase um quarto da riqueza (22,5%) encontrava-se já concentrada em apenas1% da população, um desequilíbrio que tende a crescer.
8- As políticas fiscais são imprescindíveis para a redistribuição da riqueza, não apenas na Europa e nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
9- O crescente aumento das desigualdades ameaça a democracia, pondo em risco o futuro do próprio capitalismo.
10- A solução deverá ser a taxação dos mais ricos, através da aplicação de um imposto de 80% sobre os rendimentos acima de 500 mil dólares por ano (nos EUA).
25
Não há forma de passar pela data, 25 de Abril, sem sorrir.
Em Liberdade.
41
Quarenta e um anos a viver em Liberdade, em Portugal.
E se em vez de quarenta e um anos em Liberdade tivessem sido quarenta e um anos sem Liberdade?
23
Foi em Abril que o YouTube surgiu: uma brincadeira de amigos partilhada em Liberdade com o mundo, no dia vinte e três.
10
Desde 2005 que o YouTube é a maior imagem do mundo em Liberdade.
Viver assim é ter sorte.
VIVA a Liberdade.
Leia aqui uma reportagem do JN sobre os "10 anos de Youtube" e um trabalho do Dinheiro Vivo dedicado à "Profissão: youtuber..."
http://www.jn.pt/Reportagens/interiorhtml.aspx?content_id=4526749
http://www.dinheirovivo.pt/buzz/interior.aspx?content_id=4531365&page=-1
"O que é que se passa com a amizade?
Se os amigos são tão importantes na nossa vida, como é que temos tão pouca vida para os amigos?
Tudo serve de desculpa. O trabalho, a família, o sono, o sofá.
Habituamo-nos a adiar encontros cada vez com menos caracteres. Conversamos com ecrãs. Rimo-nos com as teclas e fazemos likes para enganar a saudade.
Mas entre um "não posso" e outro os grandes amigos vão se tornando estranhos. O que é estranho.
As grandes amizades não pedem muito. Mas pedem manutenção. Pedem olhares, silêncios, sintonia. Piadas que mais ninguém percebe. Pedem tempo. Mesmo que pareça pouco. Vai sempre parecer.
Não precisamos de mil amigos, precisamos de bons amigos. Muito mais do que imaginamos.
Vá lá... liga-lhes e fura-lhes a agenda. Arranca-os da rotina. Das desculpas, seja a que horas for. Se estiveres de pijama veste umas calças por cima. Marquem encontro no sítio do costume e façam o que sempre fizeram. Nada! Tenham conversas que não levam a lado nenhum. Contem as mesmas histórias de sempre mas estejam juntos.
Está na altura de pousarmos o telefone e levantarmos o copo. Se não puderes hoje vai amanhã. Mas vai mesmo.
Se a vida conspira contra a amizade, conspiremos juntos para a defender.
Leva a Amizade a sério!"
anúncio Super Bock 2015
...no dia dos 150 anos da morte de Abraham Lincoln, importa manter viva a memória...
«Não posso interpretar Lincoln. Seria como interpretar Deus.»
Henry Fonda (1939)
«…tentar abordar a vida de um homem que se tornou um mito a tal ponto que é impossível uma aproximação suficiente para o representar devidamente. Não tinha a certeza de o conseguir.»
Daniel Day-Lewis (2013)
Lincoln. Só o nome é suficiente para nos fazer respirar fundo. E curva-nos.
O conhecimento da sua história de vida torna cruel qualquer comparação: parece impossível viver tanto, fazer tanto, ser tanto.
Nos dias que correm é bom escrever sobre um Homem assim. Sabe bem. Atira-nos para fora da mediocridade, da depressão. Mergulhar na vida de Lincoln leva-nos ao fundo da serenidade que se solta dos Homens superiores, e ganhamos tamanha determinação que é um desafio saber parar a caneta para não escrever muito. Sobre um homem grande, basta escrever pouco para dizer muito, para dizer tudo.
Lincoln não foi Deus, aliás, nem sequer tinha religião.
Lincoln não é um Mito.
Lincoln foi “O Homem com qualidades”. Tão grandiosas e tão bem aplicadas ao serviço da humanidade, da prosperidade e do futuro, que esmagam tudo e nos esmagam a todos. Sim, talvez possa ser doloroso interpretar Lincoln, estudar Lincoln, escrever sobre Lincoln. Fica-se encostado à parede, e logo se agarra o conforto de lhe chamar «Deus» e, ou, «Mito».
Lincoln já foi interpretado no cinema e (d)escrito nos livros em múltiplos formatos e de todos os ângulos. A última moda é vê-lo como paradigma da nova liderança empresarial, qual CEO disruptivo. Outra forma de o olhar chegará brevemente. É assim há mais de 150 anos.
Toda a vida de Lincoln é composta de desafios constantes, olhados de frente com determinação, mas sem espalhafatos nem comportamentos bipolares.
Abraham Lincoln nasceu em 1809 e aos sete anos de idade, pobre, foi obrigado a deixar a casa de Kentucky – mudou, pela vida fora, várias vezes de casa. Aos nove anos de idade ficou sem a mãe. Mais tarde perdeu a sua irmã e muito mais tarde perdeu dois filhos.
Aprendeu a ler e a escrever graças à bíblia. Foi o livro da sua infância e de todo o seu saber, onde terá desenvolvido o talento único em discursar, o que o tornou um dos homens mais citados de todos os tempos.
Tinha fama de preguiçoso e de pouco dado a aventuras de caça e de pesca, mas fez o caminho todo de baixo para cima. Foi balconista, carteiro e…deputado.
Estudou direito com livros emprestados e o seu sentido de humor tê-lo-á ajudado a brilhar nas várias sociedades de advogados em que participou.
Em 1846, Lincoln chegou à Camara de Representantes de Illinois. Não teve uma iniciação política prometedora. Não foi popular, fez oposição, desistiu e voltou… por causa da escravatura!
Perdeu eleições para o senado, mas estes combates políticos deram-lhe o estatuto de figura nacional.
Em1860, Lincoln tornou-se o 16º Presidente dos Estados Unidos, o 1º Republicano.
A sua escolha eleitoral provocou a guerra. Votaram nele os do norte, não votaram os do sul. É o presidente do maior e mais agitado momento da história Americana: a guerra civil, a guerra da secessão. Durou quatro anos e seiscentos mil mortos.
Em plena guerra, Lincoln, foi reeleito, em 1864.
Era autoconfiante, um líder, sábio e determinado negociador, magistral a gerir e a recrutar para junto de si pessoas melhores do que ele, ainda que sob os tiros da guerra.
Lincoln conseguia conquistar a opinião pública através da retórica e brilhantes discursos (o mais célebre terá sido o discurso de Gettysburg, em 1863) e tornou-se um símbolo icónico dos deveres da sua nação.
Assegurou a imortalidade em 1863 com a abolição da escravatura na emenda mais famosa da constituição dos Estados Unidos da América – a 13ª. A guerra acabou pouco depois.
Em 1865, um tiro na cabeça, diz-se que três dias antes adivinhado, fizeram de Lincoln o 1º presidente dos EUA a ser assassinado…e a tornar-se eterno.
Em 2013, Spielberg, num filme soberbo, volta a colocar Lincoln nas primeiras páginas como grande líder do teatro político. A obra do reputado cineasta foi aproveitada de forma despudorada pelos desqualificados que por aí proliferam, que logo deitaram as mãos às palavras proferidas por Thaddeus Stevens, no auge da batalha legislativa pelo direito dos negros: «A maior medida do século XIX foi aprovada através da corrupção, com a cumplicidade do mais puro homem da América.» Ora o filme retracta de forma exemplar a nobreza da política protagonizada por um homem que permaneceu firme e convicto do seu percurso moral e da sua decência, na luta pelos direitos civis e pela liberdade. «Ele nunca se desviou disso», disse Steven Spielberg no lançamento do filme nos Estados Unidos.
Com a devida vénia a “O Homem sem Qualidades” de Robert Musil, podemos escrever que “O Homem com Qualidades” Abraham Lincoln não foi propriamente um ser humano: foi alguém com alma. Foi um homem com imaginação, alegre, superior, feliz, que não abdicou da sua riqueza interior e assim não desistiu da sua vocação essencialmente humana para superar os seus limites, não se resignando a uma carreira social determinada.
(reedição, aqui publicado em 14 de Julho de 2013 e publicado na revista Ipsis Verbis, nº 6, Personalidades, Maio de 2013)
cronologia de três anos da troika
6 de Abril de 2011 foi o dia em que se soube que Portugal ia recorrer a um pedido de ajuda financeira. Foram 78 mil milhões de euros, num acordo assinado a 17 de Maio – cedeu-se o que restava de autonomia. Nos últimos três anos foram muitas as medidas anunciadas, alguns recuos e muita controvérsia. O Governo ia caindo (Passos segurou-se e segurou-o) e o Tribunal Constitucional passou a ter um relevo de destaque.
Portugal tinha mesmo que pedir ajuda. Não havia dinheiro, para (quase) nada. Não havia alternativa. Podia ter sido de forma diferente, sim. Podia ter sido noutro momento, sim. Mas tinha que ser. E foi.
Nada ficou como dantes. Pouco ficou melhor do que antes. Muito mudou (até o “ddt” caiu), ainda que fique a sensação que se perdeu uma oportunidade de ouro para mudar a sério. Ficou muito por mudar e que tinha que ter mudado.
O memorando de entendimento, uma experiência, falhou! Somos menos, estamos mais pobres, vivemos com menos mas, como se previa, o país não acabou. Ainda há Portugal e até Euro! Sim, Euro! Até quando?
Confira:
Agora precisamos de Crescimento. Temos que Crescer.
É um desejo. Como e quando ninguém sabe.
E até 2035 estamos sob vigilância.
Em baixo, os momentos mais marcantes de Abril de 2011 a Maio de 2014 (fonte J. Negócios):
6 de Abril de 2011 - José Sócrates anuncia que Portugal vai pedir assistência financeira externa, depois de, durante a tarde, Teixeira dos Santos ter revelado, ao Negócios, que o país ia recorrer a apoio internacional.
3 de Maio de 2011 - Quase um mês depois de ter revelado ao país que Portugal ia pedir ajuda externa, José Sócrates, ao lado do silencioso ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, comunica ao País o acordo com a troika. O pacote financeiro foi fixado em 78 mil milhões de euros.
16 de Maio de 2011 - Eurogrupo aprova o programa de assistência financeira a Portugal. Teixeira dos Santos ainda era o ministro das Finanças, Jean-Claude Trichet o presidente do BCE e Olli Rehn comissário europeu para os Assuntos Económicos.
30 de Junho de 2011 - Passos Coelho anuncia, no Parlamento, a sobretaxa de IRS que vai incidir sobre o subsídio de Natal. O IVA do gás e da electricidade também sobe de 6% para 23% ainda em Setembro.
12 de Agosto de 2011 - Nas primeiras avaliações ao programa de ajustamento a troika fazia conferências. A primeira avaliação começou em Julho desse ano com Rasmus Rüffer, do Banco Central Europeu Juergen Kroeger, pela Comissão Europeia, e Poul Thomsen, pelo FMI.
13 de Outubro de 2011 - Perto do Orçamento do Estado para 2012, Passos Coelho faz outra comunicação solene ao País: os funcionários públicos iriam ficar sem subsídios durante 2012 e 2013. "Não preciso de vos dizer que vivemos momentos da maior gravidade". Foi assim que Passos Coelho começou a sua comunicação.
17 de Outubro de 2011 - Vítor Gaspar apresenta o primeiro Orçamento do Estado da "era" da troika. IRS de juros, mais-valias e dividendos passam a pagar 25%. Escalões do IVA são revistos. Eliminação de taxas especiais no IRC. IMI aumenta taxas e valor patrimonial.
5 de Julho de 2012 - Primeiro chumbo do Constitucional. O PS (Isabel Moreira e Vitalino Canas) apresentou, em Janeiro, o pedido de fiscalização da suspensão do pagamento dos subsídios aos pensionistas e funcionários públicos. O corte dos subsídios é inconstitucional, mas a medida poderá ser aplicada em 2012. Em 2013 Governo tentou implementar uma medida semelhante que foi vetada pelos juízes.
7 de Setembro de 2012 - Passos Coelho anuncia ao país um aumento da taxa social única (TSU) de 11% para 18%, uma medida que gerou muita polémica e que acabou por não sair do papel.
15 de Setembro de 2012 - O anúncio de subida da TSU provocou uma onda de protestos e deu origem a uma manifestação espontânea, não tendo sido convocada por qualquer sindicato ou força política, que encheu as ruas de muitas cidades no país.
3 de Outubro de 2012- Um "enorme aumento de impostos", foi assim que Vítor Gaspar apresentou o Orçamento do Estado para 2013. O número de escalões de IRS encolheu, as taxas aumentaram, as deduções à colecta continuaram a ser cortadas e a sobretaxa de IRS foi repescada.
23 de Janeiro de 2013 - Portugal vai ao mercado com bengala. Faz a primeira emissão de longo prazo (cinco anos) de dívida pública, desde o início do programa de ajustamento, mas com recurso a sindicato bancário. A operação foi apresentada por Maria Luís Albuquerque, ainda secretária de Estado do Tesouro
15 de Março de 2013 - 7ª avaliação da troika, a mais difícil. Foram três meses e meio de negociações, um período bastante mais prolongado do que o normal e que provocou inclusivamente o adiamento da oitava avaliação.
12/4/2013 - Eurogrupo dá mais tempo a Portugal e à Irlanda para reembolsarem os empréstimos concedidos no âmbito dos programas de resgate. Mais sete anos foi o tempo conquistado pelos dois países.
3 de Maio de 2013 - Passos Coelho faz uma comunicação ao País com novas medidas de austeridade, entre as quais a convergência das pensões da Caixa Geral de Aposentações com as da Segurança Social.
1 de Julho de 2013 - Vítor Gaspar apresenta a demissão. Maria Luís Albuquerque substitui-o e toma posse no dia seguinte. A tomada de posse decorre com Paulo Portas demissionário.
6 de Julho - Paulo Portas apresentou a demissão “irrevogável” no dia 2 de Julho, não aceite por Passos Coelho. Os dois partidos fizeram uma série de reuniões para tentar um acordo que mantivesse o Governo. Passos Coelho e Paulo Portas comunicam no dia 6 o acordo. Paulo Portas torna-se vice-primeiro-ministro.
10 de Julho de 2013 - Depois de sanada a crise política, Cavaco Silva ouviu partidos e parceiros sociais e comunicou ao País a sua solução a 10 de Julho: quer um acordo de "salvação nacional", que inclua o PS. E abre a porta a eleições antecipadas. O que acabou por não acontecer.
29 de Agosto de 2013 - Tribunal Constitucional trava despedimentos na Função Pública, bem como o novo regime de "requalificação". O facto de o diploma prever o envio para a mobilidade especial no caso de cortes orçamentais no serviço também é considerado inconstitucional, por violação da garantia da segurança no emprego.
14 de Outubro de 2013 - Paulo Nuncio anuncia em conferência de imprensa a descida do IRC
23 de Abril de 2014 - Foi o teste derradeiro. Portugal emitiu obrigações, na primeira emissão de dívida a 10 anos não sindicada. A procura foi 3,5 vezes superior à oferta e a taxa ficou nos 3,592%, a mais baixa desde 2005.
4 de Maio de 2014 - "É a escolha certa na altura certa", afirmou o primeiro-ministro na declaração ao país em que revelou que Portugal ia sair do programa de ajustamento sem qualquer tipo de apoio. Dia 17 de Maio marca o fim do programa.
A tribo dos economistas está em lágrimas. Morreu, aos 82 anos, José da Silva Lopes, o economista mais íntegro e mais dedicado à causa pública. Era também dos mais clarividentes. Tinha um espírito independente e era iconoclasta em relação às verdades adquiridas. Tinha uma base de conhecimentos enciclopédica e convicções profundas mas não certezas absolutas. Era humilde, de uma enorme humildade, mas também era duro como granito nas suas análises. Dizia que o Governo aldrabava (assim mesmo) os números e a troika também. Mas também admitia que a corrupção era menor no tempo de Salazar.
Não embarcava no entusiasmo da globalização sem freios e era um feroz opositor dos paraísos fiscais. Mas também dizia que para sairmos da crise tínhamos de cortar salários e as pensões mais elevadas. Não se curvava perante a Alemanha, a quem acusava de ser a responsável pelo baixo crescimento na Europa e por ter obrigado os países sob ajustamento a apertar mais o cinto do que seria necessário. Não poupava o BCE, que fazia menos do que devia. Mas era lúcido perante as nossas responsabilidades na crise, das Parcerias Público-Privadas aos grupos de interesses que capturam o Orçamento do Estado.
Silva Lopes foi ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal nos anos de brasa de 74 e 75. Negociou com o FMI dois programas de ajustamento e negociou a nossa adesão à CEE. Foi dos que se manifestou contra a nossa adesão à moeda única e a taxa de câmbio com que entrámos. Mas agora não via como solução para os nossos problemas a saída do euro.
Foi um crente nas virtudes do Estado e do seu papel na economia. Apoiou as nacionalizações do 11 de março de 1975. Hoje reconhecia que também o Estado falhava em muitas áreas. Mas isso nunca o levou a pensar que os mercados, deixados à solta, conseguissem obter melhores resultados económicos e sociais. Deixou de ser pelo Estado acima de tudo. Mas nunca se tornou um fundamentalista do mercado.
Era incorrupto e incorruptível. Era de uma integridade à prova de bala. O que era do Estado era para estar ao serviço do Estado. Um dia, o seu motorista deu uma boleia à sua mulher quando ele era ministro das Finanças. Silva Lopes zangou-se e proibiu terminantemente os dois de que tal voltasse a acontecer. Dava também sucessivas provas de simplicidade e humildade. Não se escusava a explicar aos jornalistas aspetos mais complexos da situação económica.
Tinha um enorme sentido de humor e também sabia ser mordaz. Um dia, quando João Salgueiro era ministro das Finanças, disse-lhe que em três anos tinha acumulado mais dívida externa do que desde o tempo de D. Afonso Henriques. E contava com prazer a história da noite em que, às duas da manhã, telefonou aflito para o então primeiro-ministro, Mário Soares, a dizer-lhe que país só tinha reservas cambiais para dois dias. Soares, bem à sua maneira, respondeu-lhe: "Ó homem, são duas da manhã! Deixe-me dormir! Amanhã logo se vê o que podemos fazer". E desligou-lhe o telefone.
Com a morte de Silva Lopes, desaparece um dos mais brilhantes economistas portugueses mas também um dos mais dedicados servidores da causa pública e da Res Publica. Com ele não havia consultores..! Com ele cada cêntimo público gasto era severamente escrutinado e tinha de ser justificado sem qualquer ambiguidade. Com ele havia respeito pelos funcionários públicos e pela máquina do Estado. Com ele, essa máquina estava ao serviço do país e dos cidadãos e não dos governos.
Se há pessoa para quem o país tem uma enorme dívida de gratidão é para com José da Silva Lopes.
Obrigado pelo exemplo, pela coragem e pela coerência.
Obrigado pela sabedoria, pela discrição, pela afabilidade.
Obrigado pela dedicação, respeito e hombridade com que serviu o Estado e os cidadãos.
Obrigado, dr. Silva Lopes.
(texto "ajustado" de autoria de Nicolau Santos, publicado hoje no Expresso Online)
Manoel de Oliveira. Um génio com caracter que nunca foi vulgar, que deixou uma obra invulgar, que sempre tinha projectos para o futuro e contrariou a chegada do fim com uma longevidade, também, invulgar.
Durante a sua carreira como cineasta, Manoel de Oliveira filmou 32 longas-metragens. Até à sua morte, ocorrida esta quinta-feira, dia 2 de Abril de 2015, era considerado o realizador mais velho do mundo em actividade. Com a ajuda do Jornal de Negócios, destacam-se aqui cinco filmes que marcaram a sua carreira. Do primordial Aniki Bóbó ao polémico Sapato de Cetim. Ver "link".
Ver "link" com outro post em ca$h resto z€ro dedicado a Manoel Oliveira.
http://cashrestozero.blogs.sapo.pt/2014/12/11/
Portugal (dois dias) e o Porto (três dias) fazem luto.
- Filmou até ao fim, Mestre. Um até sempre sem fim, Mestre.
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