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Ao olhar para o teclado apeteceu-me virar o natal ao contrário, numa tentativa quase desesperada para conseguir que o natal voltasse a ser o natal do meu ser criança.
O natal está cada vez mais “fast and go”, cheio de tudo que é nada, com muita luz e pouca luminosidade.
Eu (ainda) gosto do natal, mas não gosto de escrever no natal. Mas…
…aqui estou eu! Com a serra nos olhos, o frio no rosto, sentado à mesa farta de sabores, no ambiente onde o natal faz sentido, ainda que o sinta cada vez menos sentido, e encostado num canto do tempo para poder escrever.
Podia fazer este texto cair nos lugares comuns daqueles que sempre lamentam a loucura das compras, o mau gosto das mensagens “geraldinas”, os excessos consumistas, as falsidades das fingidas harmonias familiares, o prazer simulado de reencontros que são obrigações da tradição e não do coração.
Podia fazer este texto ignorar o natal, em vez de o tentar virar para trás, e olhar o ano em formato de inventário e tabelas de mais e menos e de sobe e desce.
E até podia não fazer este texto.
Volto a olhar o teclado e eis que me apetece juntar letras para pedir uma prenda ao Pai Natal.
Sim, uma prenda!
Ainda que mais pobres, ainda que mais atados em impostos, ainda que com falta de trabalho, ainda que haja necessidade de partir, ainda assim, não vou incomodar o Pai Natal com coisas que homens mais novos têm a obrigação de resolver.
Quero pedir ao Pai Natal JUÍZO, juízo para combater “ismos” perigosos:
Extremismos sem limites e sem fim, radicalismos de risco louco, experimentalismos sem senso.
Sim, JUÍZO! Nós, os humanos, precisamos de ter juízo, para que esta busca louca por novas experiências, por novas aventuras, por novas emoções, não acabe num animalesco suicídio colectivo resultante de tudo ser possível e aceitável.
E num instante o teclado fez-me voltar ao meu natal criança e ao que sempre me dizia quem me educou:
- Tem juízo.
Agora, como outrora, digo eu:
- Tenham juízo. Como prenda.
(publicado no jornal Folha do Centro em 29 de Dezembro de 2014)
Natal é todos os dias. Ou quando um homem quiser. Ou quando a frase faz "Parecer".
« É o bom princípio geral de uma sociedade que se quer uma comunidade, com espírito de entreajuda e solidariedade. De outro modo, ninguém estaria disponível para dar um conselho, uma recomendação ou informação a quem quer que fosse. »
João Calvão da Silva Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
(justificação, em formato "Parecer", do presente de 14 milhões de Ricardo Salgado entregue no BdP)
11 de Dezembro de 2014
"Ninguém se julgue novo de mais para não estar morto amanhã! E ninguém é velho de mais para não poder durar mais um ano!”
Jorge Luís Borges
Haverá alguém com coragem para fazer o filme do cinema português sem fazer referência a Manoel de Oliveira?
É avisado que não haja!
Obrigado Senhor Manoel de Oliveira e...
Até pró ano.
7 de Dezembro de 2014
Mário Soares - 90 anos
Um homem com uma vida demasiado grande para um país tão pequeno.
Do fascismo ao nazismo.
Do comunismo à social-democracia.
Até à roleta do capitalismo.
Um homem de liberdade, de democracia e de Europa, cheio de excessos, defeitos e contradições, como todo e qualquer ser humano, mas com uma coragem (e que coragem!) e uma inquietude constantes, sem se preocupar com consensos nem com o políticamente correcto.
Podemos não gostar, não concordar, não admirar, mas não podemos ignorar.
Não é possível escrever a história de Portugal contemporânea sem escrever o nome de...Mário Soares.
Por estes dias, a palavra Independência parece uma coisa distante, vaga e até fora de tempo.
Percebe-se.
Se Portugal fosse Independente, do lado das finanças, não tinha governo. Nem conserto.
Um país, para ser Independente, precisa de ter dinheiro. E Portugal não tem.
Hoje, pela 1ª vez, não foi feriado!
Percebe-se.
1 de Dezembro de 1640: a restauração da Independência. A última, caducou.
Falta a nova data da nova restauração da Independência.
E se um dia for dia, a partir desse dia, esse dia, deve passar a ser feriado.
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