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O queijo!

14.03.14

Em Portugal, com o incómodo mental de sermos poucos e pequenos, sofre-se com a mania das grandezas, por tudo e por nada! As evocações não lembram ao diabo: a maior ponte do mundo; o maior centro comercial da europa; os melhores fatos do mundo; etc.,etc..

Parece que se disputa internamente um campeonato esquizofrénico sobre quem é que reivindica ter algo único no mundo, ou algo que é o maior do mundo, ou algo que é o melhor do mundo. Quase nunca se sabe como é que foi feito o levantamento, a medida ou a comparação… para se encher a boca com «o maior do mundo» ou «o melhor do mundo».

E onde é que entra o queijo nesta conversa?

O queijo é o queijo Serra da Estrela. Que é bom, muito bom. Mas daí até dizer que é o melhor queijo do mundo, parece demagogia da pior. É demagogia sem sentido, que não faz sentido e que até deixa “sentido” o próprio queijo Serra da Estrela: é uma iguaria gastronómica tão boa, tão característica, tão Nossa, que dispensa disputas tipo Messi-Ronaldo.

O queijo Serra da Estrela DOP não deve meter-se em guerras promocionais com os outros queijos, do país, do mundo, que também são bons, e são muitos. Ao dizer-se que «é o melhor do mundo” estamos também a dizer que todos os outros são piores. Para quê? O que é que se ganha com isso?

Acresce que o queijo Serra da Estrela, como produto-iguaria, é escasso: resulta de uma produção (quase) artesanal, depende da existência de ovelhas de raça definida que precisam de pastores e é produzido sob um clima de uma pequena região.

Pois é, não há forma de fazer este queijo chegar ao mundo para o mundo poder dizer que é o melhor. As ovelhas são poucas, as mãos que sabem fazer o queijo são menos e os pastores contam-se pelos dedos.

Do queijo Serra da Estrela nunca se poderá dizer ser «o melhor do mundo», quando grande parte do mundo nunca o irá provar e provavelmente nunca saberá que este queijo existe.

E fica por aqui a conversa, contornando a discussão do subjectivo da atribuição do trono do «melhor do mundo», que é uma evidência.

Aliás, verdadeiramente o melhor do mundo é juntar os amigos junto a um queijo Serra da Estrela, a um saboroso naco de broa e a um bom tinto do Dão, e desfrutar do prazer de viver.

Vamos esperar que ninguém se lembre de dizer que o Cão Serra da Estrela é o melhor cão do mundo. Cuidado. O animal pode não gostar. E como é cão pode morder. 

 

(publicado no Jornal Folha do Centro, quinta-feira, 13 de março de 2014)

 

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publicado às 09:01

Portugueses são os europeus mais descontentes com a sua democracia

 

Apenas 14% dos portugueses dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a democracia em Portugal e a mesma percentagem repete-se no que diz respeito à satisfação com a democracia nas instituições europeias - números que fazem de Portugal o Estado-membro mais descontente da União Europeia (UE). Esta insatisfação parece ter correspondência directa com o interesse nacional por temas europeus, já que o país ocupa a penúltima posição no interesse sobre o que é discutido em Bruxelas. Causa ou consequência das respostas anteriores: só 36% dos portugueses consideram que pertencer à União Europeia é "uma coisa boa".

No Eurobarómetro divulgado esta semana foi avaliada a satisfação dos europeus com o funcionamento da democracia, mostrando que Portugal é o país mais insatisfeito com a sua democracia e com a democracia da União Europeia. Em geral os estados-membros avaliados - 27 países, já que a sondagem decorreu antes da entrada da Croácia - estão mais satisfeitos com a democracia individual de cada país (que em média se situa nos 52%) do que com a democracia nas instituições europeias (44%). Mas num e noutro caso estão muito mais satisfeitos que Portugal, que nos dois questionários registou um nível de satisfação de apenas 14%. Nas duas questões, a Grécia ficou no penúltimo lugar. A nível nacional os mais agradados com a sua democracia são a Dinamarca (89%) e a Suécia (87%). No que se refere à democracia na UE, a Bélgica mostra-se o país mais satisfeito (68%).

Em resumo: os países onde a democracia é “mais satisfatória” para os seus cidadãos são, obviamente, a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia, a Áustria, o Luxemburgo, a Bélgica, a Alemanha, a Holanda, todos com índices de satisfação, acima dos 70%. Com “satisfação” abaixo de 30% estão países como a Espanha, a Roménia, a Eslováquia, a Bulgária, a Grécia e Portugal. Significativo. Esta é a Europa a dois ritmos que a CE criou. De um lado, os “ricos do Norte”, satisfeitos, do outro os “pobres do Sul”, insatisfeitos.

Também no interesse que os europeus têm sobre os temas discutidos no seio da União Europeia os portugueses estão no fundo da tabela. Colocam-se nos 29%, sendo a média europeia de 43%. O país menos interessado nos temas europeus é a República Checa (25%).

Também a nível do envolvimento dos cidadãos nas instituições europeias, os portugueses não são optimistas, ficando as suas expectativas para um maior envolvimento em 2025 abaixo da média europeia (48%). Neste estudo fica também a saber--se que apenas 36% dos portugueses consideram que pertencer à União Europeia é "uma coisa boa", ficando apenas a Grécia, o Reino Unido, a República Checa e Chipre abaixo dessa percentagem.

Ao mesmo tempo, os portugueses são dos europeus que mais querem que o Parlamento Europeu assuma um papel mais importante do que tem actualmente entre as restantes instituições europeias - Comissão Europeia e Conselho Europeu. 60% dos portugueses afirmaram que essa é a sua preferência, enquanto a média europeia se situa nos 49%.

Sobre os problemas a que as instituições europeias devem dar prioridade, 72% dos cidadãos nacionais (a percentagem mais alta entre todos os países) consideram que a pobreza e a exclusão social devem ser a preocupação número um de Bruxelas - a média europeia situa-se nos 51%. No contexto da crise, Portugal é o terceiro país que aponta como problema mais urgente o combate ao desemprego e a criação de emprego (a liderar a lista está a Espanha e logo a seguir a Dinamarca).

Já no que diz respeito aos valores que a UE deve defender, a maioria dos europeus considera que os direitos humanos são o valor mais importante. A média europeia para esta preferência situa-se nos 54%, mas apenas 45% dos portugueses consideram que este deve ser o valor principal a defender. Entre outros valores enunciados pelos europeus estão a igualdade entre homens e mulheres, a solidariedade entre estados-membros, a liberdade de expressão, o diálogo entre culturas e religiões e a solidariedade da UE com os países mais pobres do mundo.

 

É possível pensar Portugal sem democracia e "sem" europa?

 

(Fonte: Jornal I)

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publicado às 19:32

As imagens do carnaval em Portugal são deprimentes! Quase todas.

Quando o carnaval se agarra ao que é Nosso, como em Cabanas de Viriato com a "A Dança dos Cús" ou em Podense com os "Caretos", salva-se a identidade, mesmo que muito pobrete.

 

Quando o carnaval é pouco mais do que a tentativa falhada de uma importação de samba à chuva e ao frio é...o desastre!

Meninas quase despidas, encharcadas, geladas e misturadas com uma sátira nacional, mais-ou-menos conseguida, não faz sentido...

Tudo piorou com a TV e as novelas dos anos 80...mas no Brasil, nesta altura do ano, está calor e o povo é outro.

 

Gastam-se milhões e os vereadores do poder local anunciam o retorno na economia local, enfim, negócios privados de alguns alimentados pelo dinheiro público de todos.

O carnaval em Portugal deixou de ser feriado por ordem do Governo, mas continua a ser "feriado" por desobediência de todos, desde Câmaras Municipais até às empresas. É assim Portugal...também no carnaval: não se governa nem se deixa governar. 

É carnaval nada parece mal, mas há coisas que ficam...mal!       

 

(partilhado em ca$h resto z€ro/rádio, segunda-feira, 18:30, 3 Março de 2014, Rádio Boa Nova, FM 100.2 e em radioboanova.com)

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publicado às 21:38

A Europa

03.03.14

É a Europa que nos une.

É a Europa que nos ajuda.

É a Europa que nos pune.

 

E desta vez, por responsabilidade própria e responsabilidade alheia ( da Europa!), doeu:

- Mais de 700 mil desempregados oficiais (e já foram muito mais);

- Mais de 2,7 milhões de pessoas a viver no limiar da pobreza;

- Mais de 660 famílias deixaram de pagar a casa ao banco;

- Mais de 300 mil deixaram Portugal nos últimos dois anos;

- Mais dívida, mais empresas insolventes, mais juros (3 vezes superiores ao juros pagos pelas empresas no centro da Europa), mais vidas destruídas, perdidas.

 

Até Maio, em vez de se discutir o Francisco e o Paulo, talvez fosse melhor discutir A Europa:

- Queremos a Europa?

- E se queremos a Europa, que Europa queremos?

- E o que queremos ser Nós, Portugal, na Europa?

 

Desde 1 de janeiro de 1993, data de entrada no mercado único, Portugal só convergiu com a União Europeia em 7 dos 21 anos.

Faltou preparação a Portugal para o mercado único e mais tarde para a moeda única, o Euro.

 

E agora?

 

 

(partilhado em ca$h resto z€ro/rádio, segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2014, na Rádio Boa Nova em FM 100.2 e radioboanova.com) 

  

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publicado às 00:27

A CRISE DA LIBERDADE

 

«Existe uma crise das democracias que ultrapassa muito o problema da crise económica.

Nos anos 40 do século passado só 11 países eram livres. Mesmo após o 25 de Abril de 1974 (considerado o início da terceira vaga democrática), as democracias eram largamente maioritárias. Com as alterações na Grécia e em Espanha, logo seguidas de várias outras na América latina, na Ásia, em África (com a extraordinária transição que Mandela impôs) e, sobretudo, após a queda da URSS, a democracia parecia ser o futuro risonho do mundo..

No ano 2000, a Freedom House, um instituto americano, estimava que 63% dos países do mundo (120) eram pelanamente democráticos.

Mas de 2000 para cá assiste-se a uma regressão. A revista "The Economist" ( http://www.economist.com ), que dedica esta semana um longo ensaio à questão, revela que a mesma Freedom House reconhece que 2013 foi "o oitavo ano consecutivo em que liberdade global declinou."

Quais as razões para este retrocesso? É sabido que as democracias, mesmo em crise, permitem níveis de vida, de realização, de felicidade muito superior às ditaduras ou às democracias disfarçadas, tipo Venezuela, Angola ou Rússia.

Há razões que ultrapassam largamente a ideia que gregos (Séc. V a.c.) e iluministas (Séc. XVIII) tinham as virtudes democráticas. Uma sondagem na Rússia revela que quase 80% prefere uma economia forte a uma boa democracia. Largas camadas da população, mesmo nos países mais desenvolvidos, dão primazia à segurança e não à liberdade. A própria mística democrática da liberdade dissolve-se. Também a demagogia contribui para o desgaste das democracias ao associar a ideia de liberdade apenas e só a uma melhoria das condições de vida e ao constante alargamento de direitos (sem correspondentes deveres) para todos.

A demagogia é um bom terreno para alardear maus exemplos que, como a "má moeda", expulsa do palco os bens intencionados, omitindo que muitos dos escândalos tornados públicos só o foram porque vivemos em liberdade. Muitos ditadores parecem mais "sérios" e "amigos do povo" porque impõem censura e propaganda falsa e descarada.

Insidiosamente, os inimigos da democracia afirmam-se. As armas não são iguais nem justas porque as democracias, ao contrário dos regimes autoritários, reconhecem os seus falhanços e derrotas.

Desta caldo resulta um divórcio progressivo entre povo e elites que vai matando a democracia.»

 

Este texto, aqui reproduzido quase na sua totalidade, é assinado no jornal Expresso (1 março de 2014) por Henrique Monteiro.

Os destaques a bold são da N/ autoria.

Este texto provoca as seguintes questões:

 

- Liberdade ou Segurança (mais) assegurada e Economia (mais) saudável? Democracia ou Regime Autoritário?

  

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publicado às 12:05


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